POP ROCK
26 Março 1997
world
Muxicas
No Colo do Vento
CLAVE, DISTRI. MC – MUNDO DA CANÇÃO
“Estas são histórias que viajam no colo do vento”. “No colo do vento adormecen as notas, viaxan os contos, rexorden historias”. Instala-se assim, entre veredas ventosas numa noite de amores e feitiços, a música dos galegos Muxicas, numa viagem cujos derradeiros capítulos passaram, em Portugal, pelos álbuns “Desafinaturum” e “Escoitando Medra-la Herba” e uma apresentação ao vivo nos “Encontros”. A veia picaresca que aparece nos versos de “Pasodoble de Imende” – “non te quero, Pepe, comigho na cama, que es un maricón, non te quero, Pepe, que es un borrachón” – ou na apresentação de uma “Alborada nocturna” (variante nocturna criada para compensar a falta de vontade dos gaiteiros para se levantarem e tocarem de madrugada…) alterna com o intimismo de coisas ditas baixo, no bosque ou em frente à lareira. Há ainda um vira português redimido pelas gaitas e um final em jeito de genérico onde se repescam curtos excertos de outros temas. O som toma, cada vez mais, por base, as sanfonas de Xosé Manuel Fernandéz Costas e Maria Xosé López e as gaitas-de-foles, em diferentes afinações, de quatro dos elementos do grupo, substituindo a componente mais rústica e percussiva que se destacava, sobretudo, de “Desafinaturum”. “No colo do vento acoden lembrazas, repousan os soños, asubian as falas…”. Respirem fundo este vento que sopra da Galiza. (8)