POP ROCK
26 Março 1997
world
Les Nouvelles Polyphonies Corses
In Paradisu
MERCURY, DISTRI. POLYGRAM
Eis o exemplo típico de uma fórmula esgotada. Fazer chegar as polifonias da Córsega aos ouvidos comodistas não é fácil, reconheçamos. Foi preciso convocar uma infinidade de estrelas pop, sob a liderança de Hector Zazou, para que “Les Nouvelles Polyphonies Corses”, no seu primeiro volume, tivesse sucesso que teve. Mas as estrelas foram à sua vida e a tarefa ciclópica como era dantes. John Cale, que já participara no disco anterior, tomou, desta feita, nas suas mãos a produção, partilhando-a com David Young. Há uma explicação para esta partilha de responsabilidades. É que “In Paradisu” está montado segundo um esquema no qual faixas “duras” de polifonias “a capella” são intercaladas com os temas de fusão que fazem vender. Cale encarregou-se apenas da produção destas últimas, as quais, diga-se em abono da verdade, se aproximam, nalguns casos, da indigência, como acontece no tema de abertura, onde a ânsia de fazer dançar transforma “Perdona mio diu” num pecado imperdoável. Quanto à outra metade, a cargo de Young, dirige-se aos puristas que certamente acharão intoleráveis as intromissões do outro lado. Do “outro lado” não estão desta vez nomes sonantes, descontando Patti Smith, que faz uma declamação em “Dies irae”. Escondido na mesa de mistura, está ainda Ben Neill, um nome bem conhecido entre os apreciadores das “novas músicas”, com o seu “mutan-trumpet”, simbiose de trompete com computador. “In Paradisu” tem como subtítulo “Missa dos vivos e missa dos defuntos”. Quem é quem, cada um que decida… Um caso típico onde os respectivos participantes “não sabem da missa a metade”… (6)