Legendary Pink Dots – Hallway of the Gods

07.11.1997
Legendary Pink Dots
Hallway of the Gods (8)
Soleilmoon, import. Ananana

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Na primeira fila dos psicadélicos, em 1997, perfilam-se Julian Cope e Edward Ka’Spel, “acid-head” dos Legendary Pink Dots. “Hallway of the Gods” é o enésimo álbum desta banda que, surpreendentemente, se mantém firme numa linha de rumo iniciada há muitos anos e que teve a sua primeira obra capital no duplo “Asylum”. “Sing while you may” continua a ser a máxima apocalíptica inscrita ábum após álbum numa obra que continuamente explora novas facetas líricas e combinações sonoras. Segundo uma visão com fortes laivos de paganismo, onde a tecnologia electrónica, de uma complexidade barroca, se combina com os versos de Ka’Spel, compreensíveis apenas pelos argonautas do Inconsciente, “Hallway of the Gods” lança-se no abismo das alucinações, assombradas pela figura de Lúcifer, em sonhos malsãos de ascensão e queda, solidão e alienação, anjos sofredores e espectros furtivos. Depois, os LGP estão longe de ter esgotado a sua reconhecida capacidade para criar melodias insinuantes, verdadeiro veneno com efeitos nefastos sobre o cérebro, criando paisagens instrumentais – coloridas por um saxofone sonâmbulço, teclados em transe e efeitos de voz variados – que, ocasionalmente, se inscrevem no mesmo universo de sombras percorrido pelos Tuxedomoon em “The Ghost Sonata”. Surpresas constantes, encontros do terceiro grau com canções alienígenas (“The Saucers are coming2, avosam…) e os reflexos ominosos de gemas garimpadas nas minas do Eu interior, culminam na beleza, quase sobrenatural de “Sterre”, o tema das altas solidões que Syd Barrett nunca chegou a escrever. “Hallway of the Gods” remete, aliás, para o universo dos Pink Floyd, em álbuns como “A Saucerful of Secrets” e o mais abstracto “Ummagumma”, na mesma viagem pelo lado escuro da mente, paradoxalmente aquele onde as cores parecem ter cambiantes e um brilho mais intensos.

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