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Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #23 – “Electronic News”

#23 – “Electronic News”

Fernando Magalhães
04.10.2001 160402

Circuito ligado.

TARWATER, álbum novo, “Not the Wheel” (n/tenho a certeza se é este o nome…). O que ouvi, gostei. Uma banda desalinhada do pós-rock alemão, entre a pop, electrónica indefinível e dança para mentes retorcidas.

PUB: “Do you ever Regret Pantomime?” (ed. Ampoule). Aqui entramos na “Mysterions land”. Electrónica ambiental, de groove subliminar, por vezes a sugerir os ISO68, outras sugada pelo imenso buraco negro dos STARS OF THE LID.

SENSE: “A View from a Vulnerable Land” (ed. Neo Ouija) – Mais de 70 minutos de papel de parede electrónico. Sons agradáveis, grooves de cristal, um balanço suave ideal como música de fundo. Muito próximos dos AROVANE.

Agora, o mais importante: Há aqui algum entusiasta pela música do francês RICHARD PINHAS e dos seu grupo HELDON?
Vem isto a propósito da minha aquisição, ontem, de um disco do Pinhas que me faltava, “Chronolyse”, com três temas inspirados na obra de FC, “Dune”, de Frank Herbert.
Além de uma suite de 7 partes para synth Moog manipulado ao vivo, inclui os 30m22 de “Paul Artreides”, um vulcão de electrónica, baixo magmático e guitarra demoníaca.

A música de Richard Pinhas, deste álbum, como também de “Rhizosprère” ou “Iceland”, cruza o “space rock” cósmico dos Tangerine Dream com a energia dos King Crimson. Pinhas é um discípulo assumido de Robert Fripp.

Quanto aos HELDON, só ouvindo, um álbum “monstruoso”, de electrónica incandescente, como “Un Rêve Sans Conséquence Spécial”. Free electronics, Synths analógicos soando em toda a sua glória, sequenciações de chumbo, alucinações sónicas de toda a espécie. A descobrir urgentemente.

FM

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #13 – “Schlammpeitziger, Pole, Tarwater…”

#13 – “Schlammpeitziger, Pole, Tarwater…”

Fernando Magalhães
20.09.2001 160424

VIVA, ESTOU A FALAR DE MÚSICA!!!!!!!

1ªs impressões:

A colectãnea dos SCHLAMMPEITZIGER não adianta nada de novo. A curiosidade estava em saber a como é que o grupo soava antes do “Spacerock…”.
Nenhuma surpresa, quanto a isso. O 1º e último temas são elucidativos quanto à quase veneração pelos CLUSTER: O tema de abertura recupera o tom proto-industrial de “Cluster II”, enquanto o do fecho evoca o álbum “Sowiesoso”.
Os outros temas “inéditos” mostram uns SCHLAMMPEITZIGER mais arcaicos do que aqueles que já conhecíamos. (7/10)

“Raum”, dos POLE (c/algumas remisturas de Burnt Friedmann): Click ‘n’ dub com sugestões de jazz subliminar. De início ouve-se bem, mas a insistência numa fórmula demasiado rígida acaba por causar alguma indiferença.

Ainda não ouvi o novo TARWATER: “Not the Wheel”, disco no qual deposito algumas esperanças, dada a evolução imprevisível que o grupo tem sofrido.

FM

Tarwater – “Eleven/Six Twelve/Ten”

Pop Rock

26 Fevereiro 1997
Tarwater
Eleven/Six Twelve/Ten
KITTY-YO, DISTRI. SYMBIOSE


t

Antes de mais: alguém se quer dar ao incómodo de nos dizer quem são os Tarwater? E, já agora, sobre a editora? É que não existe qualquer espécie de informação. Valeria a pena esmiuçar a vida, já nem diríamos íntima, do grupo, porque o disco que agora nos chegou às mãos é um objecto bastante especial. De concreto, sabe-se que “Eleven/Six Twelve/Ten” é o segundo trabalho de uma série intitulada “Solar Money System”, sucedendo a “John Donne – Death’s Duell”. O próximo já tem nome: “Rabbit Moon”. O álbum foi gravado em Berlim e tudo aponta para que a banda seja alemã. A embalagem é um “digipak” estreitinho que afixa a letra, completamente impenetrável, de um tema chamado “Rome”. “Analytic Paget saw an inn in a waste-gap city, Lana. A new order began, a more roman age bred Rowena.” Estao a ver o género? Uns novos Residents, poder-se-ia pensar? Nada mais longe da verdade do som dos Tarwater. “11/6 12/10” (duas datas? Que raio…) reduz a estilhas o “trip hop”, avançando por terrenos onde o próprio Tricky se sentiria pouco à vontade. O som é denso, sem perder a noção de espaço tridimensional, preocupado com a escultura dos silêncios. “Samples” obliquamente clássicos introduzem ritmos de avestruz sobre os quais as vozes vão descarrilando, de maneiras sempre surpreendentes, ora com o peso de um camião a descarregar cimento, ora etéreas como anjos à deriva em cânticos galácticos. É como se os Tarwater tivessem interceptado o “continuum” do espaço-tempo, sintonizando numa frequência do futuro, e provocando uma descontinuidade na lógica das coisas. Há um hiato que os Tarwater saltaram por cima. Cabe-nos a nós chegar lá e decifrar os signos. (8)