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The Rolling Stones – “Flashpoint”

Pop Rock

3 ABRIL 1991
LP’S

PORQUE ROLAM AS PEDRAS ?

THE ROLLING STONES
Flashpoint

LP / MC / CD, Promotone, distri. Sony Music port.

rollingStones

Quem são? De onde vêm? Para onde vão? Rolling Stones – a maior banda de rock’n’roll do Universo? A ser verdade, passados estes anos todos, tal facto não abona muito em favor do universo. Tão pouco do rock’n’roll. Quem são e quantos são? São cinco, dois Micks, um Bill, um Keith e um Charlie. Todos juntos, perfazem a bonita idade de 244 anos. Difícil é compreender como conseguem manter-se ainda juntos, ao fim de tantos anos. Vêm dos blues e do início da música pop em Inglaterra. Pretendem ultrapassar os Beatles sem perceberem que as duas bandas seguiram sempre por estradas diferentes, em direcções opostas, que nunca se cruzaram. Para onde vão ninguém sabe. Nem os próprios. Enquanto tiverem força para se aguentarem de pé, segurar nas guitarras e cantar, e a família deixar, hão-de continuar na estrada e a gravar discos que sonham deixar para a posteridade.
“Flashpoint” recorta os melhores momentos da tournée de 1989/90, “Steel wheels – Urban jungle tour”, procurando fazer passar a excitação que a banda alegadamente provoca ao vivo (no Estádio de Alvalade não tanto como isso) e chegar às gerações mais novas para as quais o nome “Rolling Stone” se reveste de uma aura quase mística, de tanto o ouvirem mencionar da boca dos pais ou dos avós, com um brilhozinho nos olhos. A lista de temas aqui incluídos é um autêntico “best of” da carreira do grupo: “Start me up”, “Miss you”, “Ruby Tuesday”, “You can’t always get what you want”, “Little red rooster”, “Paint it black”, “Sympathy for the devil”, “Brown sugar”, “Jumpin’ Jack flash” e “Satisfaction” recuperam a melhor fase do grupo, constituindo uma óptima oportunidade para pais e filhos encostarem as cabeças e trautearem os velhos êxitos em conjunto. Que diria que os Stones se tornariam num modelo de consenso capaz de juntar as gerações? Com os Stones, na “Urban Jungle tour”, esteve um dia, entre mais de uma dezena de músicos escolhidos para disfarçar os momentos de maior cansaço das estrelas, Eric Clapton, para ressuscitar “Little red rooster”. No fim, a questão principal dos últimos anos permanece sem resposta: o que faz correr ainda os Stones, a maior banda de rock’n’roll do Universo? **

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The Rolling Stones – “Their Satanic Majesties Request”

27.09.2002

The Rolling Stones
Their Satanic Majesties Request
ABKCO, distri. Universal
10/10

A Jóia dos Malditos

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“Their Satanic Majesties Request”, registo ímpar na discografia dos Stones dos anos 60, faz parte do pacote “the Rolling Stones Remastered”, composto por 19 álbuns (22, se considerarmos que “Out of our Heads”, “Afternath” e “Between the Buttons” sairão em dose dupla, correspondentes aos diferentes alinhamentos das edições inglesa e americana), que serão postos à venda a 21 de Outubro. Da embalagem em formato digipak a um processo de prensagem “dois em um” que reúne os registos super áudio CD e CD áudio normal, tudo foi pensado em termos de “edição definitiva”. Editado originalmente me 1967 com uma capa dom uma foto em 3D (na presente reedição substituída por um holograma), “Their Satanic Majesties Request” é o álbum psicadélico dos Stones. O disco maldito que poucos ousam incluir na sua lista de preferências mas sem dúvida aquele que mais longe levou o lado inexplorado do grupo e é digno de ombrear com os grandes clássicos do psicadelismo., como “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles, “Odesse and Oracle”, dos The Zombies ou “Begin”, dos The Millenium. Muito do seu exotismo é fruto do impulso das drogas alucinogénicas que então integravam o “input” inspiracional da maioria dos grupos da época, matéria em que Brian Jones (falecido dois anos mais tarde, vítima de “overdose”) era especialista. Foi ele o primeiro feiticeiro a render-se a Lúcifer, dele recebendo os seus tesouros amaldiçoados, pelos quais pagou com a própria vida. Cravos, mellotrons, “sitars” indianos, ritmos africanos encantatórios, tudo encaixa como os fragmentos simétricos de um caleidoscópio, criando uma fantasmagoria suspensa no abismo da qual emerge uma das mais belas canções de sempre do grupo: “She’s a rainbow”, emblemática da “weirdness” psicadélica, como é Lucy, no céu com diamantes.
Em “Their Satanic Majesties Request” os Stones quiseram ser poetas e, como os Beatles, trazerem para a pop uma beleza sobrenatural. Conseguiram-no, roubando ao mais belo e terrível dos anjos a sua jóia dilecta: uma esmeralda. Brian Jones morreu. Mas suspeita-se que a pedra verde continue, oculta, a cintilar no coração de Mick Jagger.