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The Orb – “Adventures Beyond The Ultraworld”

Pop-Rock Quarta-Feira, 18.09.1991


THE ORB
Adventures Beyond The Ultraworld
2xLP / CD, Big Life, distri. Polygram



Alex Patterson é o cérebro alucinado do projecto The Orb, expoente ambíguo da corrente “ambiente house”, aqui em perfeito desvario, numa colagem insana que projecta o ruralismo espacial dos KLF para as pistas de dança. Contando com a colaboração de músicos tão afastados como ex-membros dos Killing Joke e dos Berlin, ou o antigo guitarrista dos Gong, Steve Hillage, “Adventures…” flutua num universo de imponderabilidade, assombrado por fragmentos de música e de história, conceitos aqui despojados de sentido. Títulos como “Supernova at the end of the universe” remetem de imediato para os Pink Floyd (a capa retoma a fotografia de “Animals”), e para planâncias subitamente na ordem do dia: “Star 6 & 789” reinventa a música dos Neu; “A huge ever growing pusating brain, etc..” dir-se-ia uma samplagem, nota a nota, dos sequenciadores dos Tangerine Dream de “Phaedra” e “Rubycon”; “Spanish castles in space” deve tudo a Brian Eno (com o qual Alex, um auditor atento da série “Obscure”, trabalhará num projecto futuro). Arthur Russell e as suas reverberações fantasmáticas, a On-U Sound, os “astro-reggae” tribal, a pop electrónica dos New Musik e o canto gregoriano à maneira dos Enigma são outras peças detectáveis num “puzzle” destibado a povoar os sonhos de astronautas à deriva no espaço. No espaço tudo é permitido. Tudo é ilusão.
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The Orb – “Adventures Beyond The Ultraworld”

Pop-Rock Quarta-Feira, 18.09.1991


THE ORB
Adventures Beyond The Ultraworld
2xLP / CD, Big Life, distri. Polygram



Alex Patterson é o cérebro alucinado do projecto The Orb, expoente ambíguo da corrente “ambiente house”, aqui em perfeito desvario, numa colagem insana que projecta o ruralismo espacial dos KLF para as pistas de dança. Contando com a colaboração de músicos tão afastados como ex-membros dos Killing Joke e dos Berlin, ou o antigo guitarrista dos Gong, Steve Hillage, “Adventures…” flutua num universo de imponderabilidade, assombrado por fragmentos de música e de história, conceitos aqui despojados de sentido. Títulos como “Supernova at the end of the universe” remetem de imediato para os Pink Floyd (a capa retoma a fotografia de “Animals”), e para planâncias subitamente na ordem do dia: “Star 6 & 789” reinventa a música dos Neu; “A huge ever growing pusating brain, etc..” dir-se-ia uma samplagem, nota a nota, dos sequenciadores dos Tangerine Dream de “Phaedra” e “Rubycon”; “Spanish castles in space” deve tudo a Brian Eno (com o qual Alex, um auditor atento da série “Obscure”, trabalhará num projecto futuro). Arthur Russell e as suas reverberações fantasmáticas, a On-U Sound, os “astro-reggae” tribal, a pop electrónica dos New Musik e o canto gregoriano à maneira dos Enigma são outras peças detectáveis num “puzzle” destibado a povoar os sonhos de astronautas à deriva no espaço. No espaço tudo é permitido. Tudo é ilusão.
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Legenda:
. Imperdoável
* Mau Mau
** Vá Lá
*** Simpático
**** Aprovado
***** Único

The Orb – “Orblivion”

Pop Rock

12 Março 1997
poprock

THE ORB
Orblivion (7)
Island, distri. Polygram


orb

Quando muitos já faziam o enterro da banda do “doutor” Alex Patterson, a grande cabeça misturadora dos The Orb, por má vontade ou pelo pouco sucesso, tanto comercial como artístico, que marcou os anteriores “Pomme Fritz” e “Orbus Terrarum”, eis que o grupo renasce das cinzas. O ambientalismo de geleira deu lugar ao golpe de facas afiadas, numa operação de montagem e confrontação sónica levada a cabo no estúdio em Berlim de Thomas Fehlmann, elemento preponderante na feitura de “Orblivion”. Existe uma componente subversiva que esmaga o apaziguamento de qualquer sessão de “chill out”. A ressaca mói. Porque as palavras sampladas de um julgamento anticomunista, de vozes étnicas ou de “Nu”, o filme de Mike Leigh, induzem a paranóia, tanto quanto os sons, resolvidos do avesso num infatigável fluxo/refluxo de obsessões rítmicas, na derrapagem de “breakbeats” subterrâneos. “Orblivion” não faz circular emoção. Mas é este processo de desmultiplicação de mensagens que unicamente passam pela máquina sob a forma de programas – estéticos e ideológicos ou onde a estética é a própria ideologia – que distingue a maior parte de grande parte da música electrónica que se tem vindo a produzir neste final de século. Separando-a, quer da perturbação causada pela música industrial, quer da levitação causada pelo rolamento de esferas sintéticas do universo criado pelos Kraftwerk e do consequente tecno. Tudo evolui ao nível do mental e da programação para simular um aquário de vida artificial. A cidade global e desculturizada desenhada em gráfico no monitor de “Orblivion” é a imagem do esquecimento e do vazio. Ficaremos sem dúvida mais altos e fortes e sãos. “Empire state humans” como anunciavam, já lá vão quase 20 anos, os Human League. Construído nesta dinâmica de alternância entre o macrocosmos de cidades virtuais e microcosmos de neurónios em sobrecarga, “Orblivion” revela-se impraticável nas pistas de dança, da mesma maneira que foge ao êxtase do transe. Não há pastilha que lhe valha. Quem quiser que entre na engrenagem.