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Lounge Lizards – “Berlin, 1991, Part I”

Pop Rock >> Quarta-Feira, 17.06.1992


LOUNGE LIZARDS
Berlin, 1991, Part I
CD VeraBra, distri. Contraverso



Berlim é verdadeiramente uma cidade mágica. É raro o disco em que a cidade esteja presente, como local de gravação ou fonte de inspiração, que não seja uma obra superlativa, numa linha histórica iniciada com “Berlin”, de Lou Reed, prosseguida com a trilogia de Bowie, “Low” / “Heroes” / “Lodger”, “The Idiot” e “Lust For Life”, de Iggy Pop, um punhado de Nick Caves e a banda sonora de “Les Ailles Du Désir”, e que atingiu o zénite de novo em “Berlim”, desta feita pelos Art Zoyd. Os Lounge Lizards, de John Lurie, não fogem à regra e assinam, neste registo ao vivo das actuações do grupo na sala “Quartier Latin” daquela cidade alemã, um dos seus melhores álbuns, ao nível dos anteriores “No Pain for Cakes” e “Voice of Chunk”.
Considerados praticantes de um jazz híbrido conotado com a “downtown” de Nova Iorque, os Lounge Lizards passeiam-se com inusitada frequência por alamedas laterais como o cabaré, os ritmos latinos e o rock de feição libertária. Em “Berlim 1991”, o swing está sempre presente, arredado que foi o discurso fragmentário do guitarrista Marc Ribot, que por sua vez substituíra Arto Lindsay nas formações prévias dos Lizards. Michael Blake ajuda Lurie nos saxofones, um Lurie que, logo na abertura, pega no sax alto electrificado e toca um solo de forma estranha, num jogo surreal com a bateria, a querer mostrar que não é tão mau executante como alguns pretendem fazer acreditar. Brilhante de lirismo é Bryan Carrott, no longo solo de marimba de “Not a rondo”, um entre outros exemplos que deixam patentes as virtualidades técnicas de todos os instrumentistas. Imparáveis de energia, imaginação contrapontística e uma boa dose de humor, os Lounge Lizards não param de surpreender pela positiva. Aqui, com Berlim a ajudar. (8)