Pop Rock
7 OUTUBRO 1992
THE LEGENDARY PINK DOTS
Shadow Weaver
CD Play It Again Sam, distri. Contraverso
Edward Ka’Spel é o último dos “hippies”. Mas as suas flores são as flores do mal. Ele vê o que mais ninguém vê nem quer ver. E canta em forma de canções de amor – um amor doente e sem esperança – o “mal de vivre” do final do século. Os LPD, banda inglesa radicada na Holanda que em Agosto actuou no nosso país, levam uma década de existência e nenhum passo em falso. Assinaram mesmo um álbum genial, “Asylum”, no qual abordam temas como a loucura, a religião e toda a espécie de visões induzidas ou não por alucinogéneos. “Shadow Weaver”, como os anteriores “The Maria Dimensions” e “The Cursed Velvet Apocalypse”, é críptico na mensagem, psicadélico na forma e insinuante nas inflexões vocais pseudo-ingénuas de Kaspel, tão doce e meigo como uma cobra. O “tecelão de sombras” satura a atmosfera de resíduos electrónicos através de incursões de pesadelo por leprosarias e pela música industrial. Uma viagem com os Legendary Pink Dots é sempre uma má viagem. (8)