Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #113 – “Os melhores 240 de sempre!”

#113 – “Os melhores 240 de sempre!”

Fernando Magalhães
15.06.2002 040451
Uma boa hora para se falar do Mike Oldfield! 😀

O “Tubular Bells” é um bom disco mas também um bocado sobrevalorizado, acabando por sofrer um pouco da mesma síndrome de sobre-exposição do “Dark Side of the Moon”. Aquela longa sequência da apresentação dos instrumentos já não se consegue ouvir… No entanto, o álbum está recheado de bons momentos, embora soe aqui e ali demasiado artificial, notando-se as “costuras” de estúdio.

Dito isto, prefiro os álbuns seguintes: “Hergest Ridge”, “Ommadawn” (com o Paddy Moloney, dos Chieftains) e o duplo, minimalista e misterioso “Incantantions” (com Pierre Moerlen, dos Gong, excelente no vibrafone, e a voz de Maddy Prior, dos Steeleye Span).

Já nos anos 90, Oldfield regressaria surpreendentemente à boa forma, com “Amarok”, álbum mais eletrónico que os anteriores.

FM

Carmel – “The Collection, 1983 – 1990”

Pop-Rock / Quarta-Feira, 13.02.1991


CARMEL
The Collection, 1983 – 1990
LP e CD London, Distri. Polygram



Como o título indica, trata-se de um “best of” de canções gravadas originalmente no período compreendido entre essas datas, dispersa pela discografia de álbuns da cantora. A escolha recaiu nos temas mais imediatamente apelativos, sem que tal facto constitua um demérito grave. Sabe-se quais são as intenções de discos desta natureza. Carmel McCourt e os seus dois companheiros habituais (Gerry Darby, percussões e programações de ritmo e Jim Paris, guitarra, baixo) passeiam-se com todo o à vontade por sonoridades tão distintas como o calypso de “I Have Fallen in Love”, as sugestões “soul” que lhes são mais caras, de que são ilustrativas a versão de “It’s all in The Game” dos Four Tops. “Every little bit” e “You Can Have Him” (inspirado na versão de 1980 de Dionne Warwick) ou os sombreados “bluesy” do órgão Hammond, pontuados pelos sopros da “Sounds 18”, em “More more more”. A voz de Carmel faz o resto, numa colecção sem pretensões de raridade, mas capaz de satisfazer os amadores menos puristas.
***

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #112 – “Mais dúvidas sobre os Anos 80 como se não fossem já suficientes__ (Familycat)”

#112 – “Mais dúvidas sobre os Anos 80 como se não fossem já suficientes__ (Familycat)”

Fernando Magalhães
17.06.2002 020216
Em relação aos CURVED AIR, penso que irás render-te ao “Phantasmagoria”. Um álbum mágico, ainda que a letra de “Not quite the same”seja passível de interessar ao Alvarez… 😀

Já agora, não resisto a recomendar-te a audição de “Begin”, dos THE MILLENIUM (1968). É uma obra-prima ao nível do “Sgt. Peppers” e do “Pet Sounds”:

O CURT BOETTCHER (falecido m 1987) era um iluminado, da estirpe de Brian Wilson. O álbum foi o primeiro de sempre a utilizar um gravador de 16 pistas (ou melhor, dois gravadores de 8 pistas juntos…) e foi o mais caro de sempre na altura, ultrapassando mesmo o “Sgt. Peppers”.

O aproveitamento do estúdio é espantoso e as canções fazem jus ao uso intensivo e imaginativo da tecnologia.

Mas, repito, o CURT BOETTCHER era um louco iluminado. As letras do disco inspiraram-se numa espécie de livro de profecias e ele próprio se convenceu de que era o Messias, encarregado de salvar o mundo com a sua música. Considerava mesmo os THE MILLENIUM, além de um grupo pop, um culto religioso!!!!

Completamente ignorado na altura, “Begin” tornou-se ao longo das décadas seguintes numa espécie de lenda do Psicadelismo, na sua versão ao mesmo tempo mais mística, pop e experimental.

FM