Steve Fisk – “Pigeonhed”

pop rock >> quarta-feira, 06.10.1993


Steve Fisk
Pigeonhed
Sub Pop, import. Contraverso



“448 Deathless Days”, deste mesmo músico norte-americano – que costuma acamaradar com os Negativland -, é um espanto, e uma lição na arte da samplagem. “Pigeonhed”, recorrendo a processos idênticos, serve-se deles para diferentes fins. Música de dança, talvez, à beira do abismo, para “raves” do fim dos tempos, algures entre os Negativland e o psicadelismo espectral dos Primal Scream, com James Brown a fazer sinais do inferno. O álbum começa em tom de colagem agreste, segue a bater um pé de dança e prossegue disparando rajadas de cinismo e de ruído contra a canção pop, para logo se fingir amiga íntima da “soul” de cor clara, como quem quer levá-la consigo para a cova. Lá mais para o fim a estranheza instala-se longe de quaisquer referências, em sobreposição de vozes estilhaçadas e outras cacofonias sampladas. Vale a pena ler o texto impresso sobre o compacto, onde se refere que o CD foi gravado com as “most advanced electronic Techniques”, para nas últimas linhas se aconselhar o auditor a usar agulhas de qualidade, de preferência em diamante, para uma melhor reprodução musical… É assim “Pigeonhed”: um recital de pistas falsas e falsas partidas. (7)

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