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Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #138 – “Novos P_Hammill e Thomas Brinkmann (FM)”

#138 – “Novos P_Hammill e Thomas Brinkmann (FM)”

Fernando Magalhães
07.11.2002 140236
Desiludiram-me ambos.

“Clutch”, de Peter Hammill, o tal álbum de guitarra acústica (mas não só…), não adianta nada e relação à anterior discografia. Se as letras evidenciam a qualidade de sempre (aqui mais personalizadas e pessoais do que nunca, uma das faixas, tocante, fala da relação com uma das suas filhas), sobre o avanço inexorável da idade e a sensação de perda, a música achei-a pobre, sem ideias originais, mero PH vintage.

Já “Row”, o “novo” (trata-se de material antigo antes editado em vinilo, como acontecia com um CD anterior, “Rosa”) de Thomas Brinkmann, é música a metro. Beats e mais beats (ou melhor, sempre o mesmo beat…) arrastando-se por faixas de 6 e 7 minutos, com as velhas fórmulas de sempre. pela primeira vez em relação a um disco deste alemão, fiquei com a sensação de que a simplicidade que sempre elogiei em discos anteriores, é aqui sinónimo de pobreza de ideias.
Vou ouvir de novo, mas a primeira impressão não é nada animadora…

FM

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #85 – “Soul Center 3 (FM)”

#85 – “Soul Center 3 (FM)”

Fernando Magalhães
12.03.2002 190752
Recebi finalmente o CD.

Primeiras impressões:

– a fórmula é idêntica à do álbum anterior, recorrendo, desta feita, em 3 dos temas, a samples de Isaac Hayes e de uma banda de soul meio chunga, os Silver Convention, se não estou em erro.

– a música parece-me, no entanto, mais minimalista e…matemática, como se o disco se quisesse aproximar, ou tentasse encontrar uma solução de compromisso com os discos assinados em nome próprio, como Thomas Brinkmann.

– som fabuloso. Numa das faixas o som vem de lado, totalmente fora das colunas. Pura arquitetura sónica, jogando com o espaço.
Noutra faixa, ouve-se um som baixo como se fosse uma mancha de tinta auditiva a espalhar-se pelo corpo e pelo cérebro. O termo “visceral” aplica-se aqui com toda a propriedade. Não se trata de uma batida mas de uma poça, um charco de baixas frequências.

– A tecno continua a ser o veículo privilegiado, mas o groove diversifica-se, entrando por múltiplas direções, umas mais sofisticadas do que outras, mas sempre sem perder a inconfundível capacidade de arrastar o ouvido e o corpo atrás do ritmo. Neste aspeto, TB continua imbatível.

– Dá-me a ideia, no entanto, de ser um disco menos orgânico, ou menos espontâneo, que o anterior. Todo o edifício sonoro parece erguer-se de forma mais calculista. Ainda aqui, um parentesco com a música de…Thomas Brinkmann.

FM

Thomas Brinkmann – “Rosa”

Y 24|Novembro|2000
escolhas|discos

THOMAS BRINKMANN
Rosa
Max Ernst, distri. Ananana
8|10



Dentro do espírito “back to basics” não há quem bata Thomas Brinkmann, com assinatura própria, ou como Soul Center. “Rosa” reúne uma coleção de EP já editados em vinilo, cada um com um nome de mulher. A embalagem não poderia ser mais minimalista, com a informação e o grafismo circunscritos a quase nada. Ao contrário do pendor funky dos Soul Center, “Rosa” resvala para a abstração analítica, servindo-se das programações para criar um segmento sónico de 74 minutos do qual, uma vez apanhados pelo ritmo, só conseguimos sair no fim. “Grooves” matemáticos ao serviço de uma tecno minimal cuja eficácia se comprova na absoluta irredutibilidade rítmica segundo a mesma estética de Vladislav Delay ou Rechenzentrum. Depois de nos enredar no centro da alma, Brinkmann aprisiona-nos nas certezas da máquina.