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Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #165 – “Protein – ‘Suss'”

#165 – “Protein – ‘Suss'”

Protein: “Süss”
Fernando Magalhães
Tue Feb 20 14:14:27 2001

Agora que e penitenciei da opinião negativa emitida precipitadamente aos Savath + Savala, já estou mais à vontade para recomendar a audição de mais uma novidade electrónica, ouvida hoje de manhã: “Süss”, dos alamãees PROTEIN (Tobias Laemmert e Hans Rodrian).
Mistura de muitas coisas, é inteligente e dá toda a atenção ao detalhe. Funny electronics digitais com piadas rebuscadas. Micro-melodias a infiltrarem-se por todos os cantos, como minhocas, e desenvolvendo-se em planos sobrepostos. Influências, muito longínquas, dos Can (de “Come sta, la luna”, num dos temas), Neu! E – mais próxima – To Rococo Rot. Efeitos, efeitozinhos, efeitozecos e efeitozões a colorirem o som com mil e uma texturas electrónicas sempre imprevisíveis. Por vezes há guitarras a funcionarem como “input” à electrónica e uma espécie de theremins digitais a sobrevoar a música.
As melodias são viciantes, por vezes apenas sugeridas, noutras quase escandalosamente poppy.
Eis um disco de electrónica em que o conceito de “lúdico” adquire conotações estranhas já que a música, sendo extremamente orgânica na forma (melodias, ritmos) tem ao mesmo tempo algo de gélido. 7,5/10
FM

Protein – Süss

02.03.2001
Protein
Süss
Gomma, distri. Symbiose
7/10

protein_suss

Não transporta consigo os germes da revolução do “drum ‘n’ bass”, não irá enlouquecer as cabeças da tecno, não carrega nenhuma mensagem hip-hop, não soluça sobre os escombros da “house”, não presta para a decoração de salões “lounge”, nem sequer oferece o conforto de uma carícia easy-listening. Mas algo de atraente se desprende da electrónica deste grupo alemão que obriga a que “Süss” se ofereça a uma e outra audição. Sob uma capa clínica a sugerir imagens de dissecação de um peixe, mistura de néon, guelras e sangue, “Süss” é uma prótese digital de luxuriantes festas retrofuturistas servidas por orquestras de theremin, emulação gélida do krautrock, “funny electronics” contadas por um técnico de bata branca sem sentido de humor, música de dança para aleijados, droga auditiva (e aditiva, como em “Aspik”, ao nível dos melhores To Rococo Rot) para “aliens” sem caminho de retorno, melodias fascinantes, ou pedaços delas, emergindo ou mergulhando nas trevas da mesa de misturas. Reconhecimento e surpresas num elixir para o inconsciente.