PÚBLICO QUARTA-FEIRA, 15 AGOSTO 1990 >> Videodiscos >> Programas
SQUEEZE
A Round and A Bout
IRS, dsitri. EMI / Valentim de Carvalho – Venda Direta
Do ponto de vista artístico, não se vislumbra o interesse de edições como esta. Uma banda a tocar ao vivo, câmaras quase estáticas, inexistência de efeitos visuais tornam o termo “video art” pouco menos que utópico. Neste caso concreto são os Squeeze, como poderiam ser quaisquer outros. Sim, já se sabe, são objetos que integram as estratégias promocionais das editoras, mas, que diabo, não é demais exigir um mínimo de imaginação e criatividade, de maneira a tornar o estratagema menos ostensivo. Assim, somos confrontados com os rapazes tocando, cheios de empenho, músicas dos discos mais recentes. Os fãs são capazes de cair no logro, sensíveis ao apelo de ver os seus ídolos no ecrã, mas valerá a pena? E ao crítico, quem o reconforta e recompensa do esforçado penar a que a visão do produto obriga? Os danos morais e psicológicos? O cansaço espiritual, o desalento?
Os Squeeze não têm culpa, coitados. Limitam-se a cumprir o seu papel. Sem rasgos, com a competência que se lhes reconhece. Glenn Tilbrook e Chris Difford formam uma dupla competente na composição de apelativas melodias pop, não muito profundas, mas que se colam imediatamente ao ouvido. Não era afinal esse também o maior talento de uma certa dupla formada aqui há anos, lá para os lados de Liverpool? A única diferença reside na distância entre o génio e a competência, a inspiração e a habilidade. Também se costuma compará-los (os Squeeze) aos Kinks e a Ray Davies, mas ainda aqui, os discípulos têm muito que aprender até chegarem aos calcanhares dos mestres. Elvis Costello admira-os sem reticências. Produziu-lhes o álbum “East Side Story”. “Is That Love?” foi uma canção que, na época, não nos largou. São coisas que acontecem, melodias que não se esquecem.
Separaram-se em 1982, para se reunirem, novamente, no ano passado. A pop, neste caso, não ficou a perder. Quanto ao vídeo, estamos conversados.