pop rock >> quarta-feira, 13.01.1993
Robin Holcomb
Rockabye
CD Elektra, import. Contraverso
Poucos repararam nela quando saiu o seu primeiro álbum homónimo. É tempo de remediar a distracção. Robin Holcomb faz já parte da primeira divisão das grandes vocalistas da América do Norte. E das grandes compositoras, acrescente-se. Tem uma vantagem sobre a concorrência: é diferente. Diferença que se inclina para o lado da estranheza, o que em parte explicará o facto de não ter sido até agora divulgada a uma escala alargada. Ao contrário, por exemplo, de Suzanne Veja, cujas canções do novo “99,9ºF” se deixam apreender e seduzem logo à primeira audição, a música desta autora, casada com Wayne Horviz (expoente da electrónica “downtown” nova-iorquina), exige atenção e audições repetidas até revelar os seus segredos mais íntimos. Música de inflexões vocais subtis, de oscilações subliminais, de arranjos que jamais se acomodam à facilidade. Tão ou mais estranho que a voz de Holcomb é o modo como a intérprete faz cantar o piano, em círculos de cristal em tom menor que conduzem as palavras até regiões inexploradas. “Singer songwriter” é um termo que em Robin Holcomb (algures entre a criança e Buffy St. Marie) significa busca incessante de novos horizontes e acentuações musicais. Que vão do esboço em arabesco de “big band” etilizada de “Dixie” à incursão na “country” de “The goodnight-loving train”, extremos discordantes num álbum já de si apontado em múltiplas direcções.
Atenção aos músicos participantes: Stew Cutler, Doug Weiselman, Mino Cenelu, Guy Klucevsek, Bill Frissell, além do próprio Wayne Horvitz, com excepção de Minelu (Gong, Weather Report), nomes sonantes da citada “downtown”. (7)