POP ROCK
9 MARÇO 1994
José Peixoto
Taifa
Playon, distri. MVM
Com “El Fad”, o seu álbum anterior, José Peixoto, actualmente elemento dos Madredeus, deu-se a conhecer como um bom executante de guitarra acústica, com um estilo personalizado que não escondia o gosto pelos ritmos e fraseados da música árabe. “Taifa” volta a mostrar o lado tecnicista, embora partilhado com um segundo guitarrista, Mário Delgado, e o apoio firme e discreto, de José Salgueiro, nas percussões. Mas falta algo a estes por vezes excessivos longos conciliábulos de guitarras que se debruçam sobre o próprio umbigo, cada qual no seu canal de estéreo, e se esquecem da emoção. Se há quem possa achar geladas certas produções da ECM, o que não diriam da frieza, por vezes árctica, de “Taifa”, que, ironicamente, deveria reter e reflectir o calor das músicas do Mediterrâneo. A introspecção, quando exposta à audição e interpretação de um público reflector, implica vontade de comunicação. É esta ausência de vontade de partilha que marca “Taifa” pela negativa. Mesmo que o autor dedique o disco “àqueles que são de parte nenhuma, aos espectadores do tempo, aos nómadas da vida”. Certo! Mas mesmo esses talvez gostassem de algo mais substancial. (6)