António Manuel Ribeiro – “Pálidos Olhos Azuis – P. O. A.”

POP ROCK

27 DEZEMBRO 1992
DISCOS PORTUGUESES DE 1992
O PIOR

ANTÓNIO MANUEL RIBEIRO
Pálidos Olhos Azuis – P. O. A.

Edição BMG / Ariola

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Havia outros candidatos: uns Moby Dick balofos armados em superbanda, um José Cid no auge da fúria dos Descobrimentos, um Fernando Girão que agora é índio, ecológico e decerto veste túnica branca enquanto aguarda os OVNIS redentores. Comparados com este “P. O. A.”, “Camões, as Descobertas e… Nós” e “Índio” são sem dúvida piores. Mas então teríamos de descer ainda mais e cair no andar de Marco Paulo e Roberto Leal e entrar no domínio da execráve.
A escolha do pior acabou por recair no disco de António Manuel Ribeiro em virtude de este ter responsabilidades acrescidas. De certo modo, “P. O. A.” recupera o pior dos UHF correspondente à faceta “rock português” da primeira leva, da ideia musical reduzida à expressão mais simples. Neste sentido a estreia discográfica de A. M. R. (já que estamos em maré de siglas…) pode considerar-se um gigantesco passo à retaguarda, uma investida inconsciente nos abismos do maus gosto, um desfilar de lugares-comuns que procuram fazer as vezes do retrato do “rocker” resistente mas sensível, em luta titânica contra o sistema. Dito isto, uma faixa como “A noite inteira” não destoaria num programa como Feira da Música.
Há uma explicação possível que ainda assim não serve de atenuante: António Manuel Ribeiro, ao corrente do gosto de uma certa margem do seu público, estaria no fundo a dar-lhe uma música e imagem feitas de encomenda. A música das cassetes vendidas ao quilo pelas feiras, Praças de Espanha e Martim Monizes do país. António Manuel Ribeiro, o Marco Paulo do rock português?



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