17.10.1997
Patti Smith
Peace And Noise (6)
Arista, distri. BMG
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pwd: free-world.nl
Volvido pouco mais de um ano sobre a edição de “gone Again”, que pôs cobro a um interregno discográfico de oito anos, Patti Smith regressa com um novo álbum onde a morte volta a ser o tema dominante. Se “Gone Again” era uma espécie de epitáfio à morte do seu então marido Fred “Sonic” Smith, “Peace And Noise” é, segundo a sua autora, a expressão de preocupações que o casal partilhava antes da sua trágica separação. A sida, o suicídio religioso colectivo da seita Heaven´s Gate ocorrido no ano passado, um episódio da guerra do Vietname são alguns dos temas abordados num álbum que faz dedicatórias a outros dois artistas desaparecidos, William Burroughs e Allen Ginsberg, ícones poéticos de toda a obra pretérita da autora de “Horses”. Trabalho ainda e sempre marcado pelo cinzento e pelo luto (a foto da capa interior mostra o interior de uma capela em ruínas), “Peace And Noise” está todavia mais marcado pela raiva do que o seu antecessor. É “rock’n’roll” carregado de poesia oscilando entre a declamação pura de “Spell” e os dez minutos de improvisação, ao vivo no estúdio, de “Memento Mori”, na tradição dos maiores de excessos de “Radio Ethiopia”. A verdade é que se ´inegável a sinceridade com que Patti Smith se entrega ao exorcismo da dor originada pela perda, não o é menos que, cada vez mais, ela parece estar a ficar amarrada a esse diálogo dorido com os seus fantasmas.