10.10.1997
Széki Kurva
Music For Joyriders (7)
Fekete Galamb Zene, import. Symbiose
Na contracapa de “Music For Joyriders” vêm indicadas, tema a tema, as respectivas batidas por minuto. É normal. Trata-se então de música de dança. Bem, talvez… Mas reparem: o disco, informa-se, contém “Phencyclidina” e foi gravado no sistema ACME, com o objectivo de potenciação dos graves, que foram “compressed to fuck”, para uma dose de 100 ml. A coisa complica-se ainda mais quando nas 11 remisturas, assinadas por gente como DJ Assassin e o convidado George Death, descobrimos um alucinante utilização de “samples”, dilacerados numa tecno-hardcore-industrial de pendor étnico-satânico-intervencionista, embora na ficha técnica os Széki Kurva agradeçam a Seus e à Virgem Maria, como também agradecem, ou pura e simplesmente lhes sacaram sons, aos Ukrainians, John Peel, Two Minute Hate, Birthday Party, Waste Youth, Bela Bartok, Phil Spector e o seu “wall of sound”, Chas & Dave, e aos grupos de música tradicional húngara Muzsikas, Vujicsics, Vasmalon, além das búlgaras Bisserov Sisters. Pois, os Széki Kurva são húngaros (o subtítulo do álbum é “A Weekend in the Life of the London Hungarian Massive”) e praticantes de uma música violenta que lembra os polacos Holy Toy, no lado mais politizado e militarista, os Popular Mechanics, do russo Sergei Kuriokhin, nas técnicas de colagem e apropriações étnicas, e os jugoslavos Laibach, no totalitarismo ideológico servido por uma não menos totalitarista sonoridade. “Music For Joyriders” funde furiosamente danças balcânicas, tecno demencial, a voz de uma feiticeira e toda a espécie de ruídos industriais e citadinos, numa viagem recomendável para melómanos com sensibilidade de comando.