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DAT Politics – Go Pets

22.10.2004
DAT Politics
Go Pets
Chicks on Speed, distri. Ananana
7/10

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De terroristas sónicos os DAT Politics passaram a fabricantes de brinquedos. O tempo da agressão sonora acabou. Hoje o trio francês põe os seus “laptops” ao serviço de uma pop electrónica fortemente macerada pela ironia onde os truques de prestidigitação e uma originalidade difícil de encontrar noutros grupos das chamadas “funny electronics” continuam a marcar pontos. “Suportem a boa música! Comprem este disco!!!” é a exclamação que inseriram numa capa que é toda ela um manifesto de intenções, com um dragão verde de peluche e os três franceses vestidos com trajes coloridos a espremer laranjas ou ao balcão de uma pastelaria. “Go Pets” é uma girândola de vozes, manipuladas ou não, programações digitais sempre interessantes e artefactos tão rudimentares como uma guitarra ou um banjo. Música de corda, a pilhas ou ligada à corrente, consegue ser tão inclassificável quanto a indescritível panóplia de efeitos e ligações perigosas de uma faixa como “No fairytale” o permite. Os DAT Politics são os Yello do novo milénio, com as suas brincadeiras nalguns casos proibidas. Apesar do arco-íris, eles avisam: “Isto não é um conto de fadas”.

Dat Politics – Sous Hit

18.05.2001
Dat Politics
Sous Hit
Digital Narcis, distri. Ananana/Matéria Prima
8/10

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O primeiro tema é um guincho digital capaz de destruir num instante o tímpano mais resistente. Dura seis segundos. O segundo, idem, em mais quatro segundos de teste auditivo. E assim por diante, até à faixa número nove, num total de 34 segundos de histeria ultra-sónica que promete o confronto com uma música ainda mais radical que a do aclamado “Villiger”, álbum de estreia deste quarteto francês especialista na manipulação do “powerbook”. Mas, porque os ouvidos se habituaram, entretanto, a tirar prazer desta música que espreme sem piedade os computadores, as restantes faixas de “Sous Hit” soam como convulsões de pop electrónica de um vírus infiltrado num sistema de inteligência artificial. É toda a tradição dos homens-máquina dos Kraftwerk que aqui se re-encena, agora também com um esgar “funny” (os Cluster, ainda e sempre presentes, no tema 16), a dar indicações de que esta poderá ser a música de baile de um futuro alarmantemente próximo.

Dat Politics – Villiger

17.03.2000
Dat Politics
Villiger (9/10)
a-Musik, distri. Matéria Prima


dp

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Cuidado. “Villiger” é um disco de alta tensão. Toca-se e dá choque. Capa vermelha. Apenas uma inscrição: “Dat Politics”. Que incluem elementos dos Tone Rec. Onze temas sem título. Nenhuma protecção. Mas “Villiger”, embora de alta voltagem, é diferente da cadeira eléctrica que os Tone Rec usam para castigar o sistema nervoso. A máquina eléctrica posta a funcionar em “Villiger” é um poderoso acumulador de energia, um arquivo portentoso de ritmos processados de forma a fazer mexer, não só o corpo, como um todo, como a sua mais ínfima molécula. “Villiger” é a mesa de dissecações, agora digitalizada, com que Lautréamont assaltou os sonhos dos surrealistas. Há nela efeitos de estereofonia espantosos usados como parte integrante da composição, intersecção de samples indecifráveis com memórias do krautrock, batuques infernais fabricados com matérias inflamáveis, edifícios alucinatórios em construção, complexas teias de números em rodopio cabalístico, vísceras de insectos que cantam, um bailado de frequências mágicas. Ao contrário dos Tone Rec, dos seus ruídos de estática e das suas programações de “powerbook” que derretem o cérebro, os Dat Politics propõem uma música lúdica feita de brincadeiras perigosas. As menores das quais não serão as incursões na tecno dos temas números um, quatro e oito, a fazer pensar que a música de dança, enquanto posta em prática por guerrilheiros do quilate destes Dat Politics, pode arcar com a responsabilidade de carregar aos ombros o extremo mais avançado da vanguarda. Quem se deixou esmagar pelos golpes dos L@n, se deleita com a energia dos Pan sonic e se entretém com os jogos virtuais dos FX Randomiz, receberá os Dat Politics como a próxima viagem.