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Philadelphia Five – “Trilogy”

PÚBLICO QUARTA-FEIRA, 12 DEZEMBRO 1990 >> Pop Rock >> LP’s


ROBOPOP

PHILADELPHIA FIVE
Trilogy
LP e CD, KK



A história é a seguinte: há dois anos a KK Records editava o single de 12 polegadas, “Bump! Jerry”, previsto para ser o primeiro de uma série de três discos representativos dos cinco anos que a banda levava já de carreira. Para surpresa de todos, o tema tornou-se um êxito, subindo mesmo ao Top 5 das listas de dança, nos Estados Unidos. Seis meses depois, saía o segundo, um mini-Lp contendo meia dúzia de temas, intitulado “Heaven”. O terceiro e último, por motivos desconhecidos, nunca chegaria a ser editado. “Trilogy” seria, enfim, a peça que faltava, em alternativa ao projeto original.
Dela fazem parte remisturas de temas dos anteriores discos, bem como outros considerados pela banda como “uma espécie de anexo à série inicial”. Desde as batidas iniciais de “Primal Screen” até à mensagem derradeira de “Brain” que as pulsações cardíacas e os circuitos cerebrais desatam a funcionar em registos e a velocidades difíceis de sustentar. Se os Kraftwerk soubessem o que iriam provocar quando se resolveram a fazer música para “robots”… Os Philadelphia Five levam os sequenciadores e os computadores até aos limites da mecanização absoluta.
A matemática ao serviço do ritmo. A dança como estado de hipnose. A emoção, o resultado da acumulação e da repetição. Implacável. O amor é sexo. O prazer, dor. A comunicação humana tornada possível apenas no círculo infernal da relação senhor/escravo. Engrenagens postas a funcionar pelos comutadores Throbbing Gristle e Cabaret Voltaire (da fase inicial), acionados por Giorgio Moroder. A “electronic body music” levada ao extremo da monotonia assumida e da violência como estímulo orgástico que sintoniza os corpos na frequência da dança cibernética. Em “I am Shared”, Eros aloja-se no córtex, onanista na solidão a dois, latejante nos múltiplos orgasmos do Inferno: “Vamos ter um orgasmo que até você pode compreender” (“Heaven”). Os maquinismos trituradores apenas cessam quando nascem as palavras – absurdas e trágicas na sua lógica desumana: “Espera um momento, já alguma vez viste o teu cérebro?/ Bem… eu…/ Tu, ou outra pessoa qualquer?/ (…)/ Então o que te leva a pensar que tens um?”. Antes da eletricidade, a dança do diabo era a valsa… ***