Nils Lofgren – “Silver Lining”

Pop-Rock / Quarta-Feira, 17.04.1991


Nils Lofgren
Silver Lining
LP e CD, Essential, distri. Ananana



É guitarrista, mas Neil Young convidou-o para tocar piano em “After the Goldrush” e, mais tarde, já o instrumento certo, em “Tonight’s The Night” e “Trans”. Após uma passagem rápida pelos Grin, lançou-se numa carreira a solo relativamente bem sucedida, assinalada pela gravação de álbuns de rock “mainstream” (“Grin”, “Nils Lofgren”, “Back iy up”, “Cry Tough”, “Night Fades Away” ou “Wonderland”, entre outros), que lhe valeram o estatuto de “guitar hero” capaz de proezas acrobáticas, como tocar de costas em salto de trampolim ou, segundo reza a lenda, de prodigiosos triplos saltos mortais com “flic flac” à retaguarda. Entrou para a E Street Band, de Bruce Springsteen, e parece que ficou mais sossegado. Agora regressa a solo com “Silver Lining”, mas não há nada de particularmente interessante a registar – o mesmo “rock ‘n’ rol” honesto de sempre, as mesmas baladas agradáveis e inócuas, o virtuosismo guitarrístico que se lhe reconhece. Uma referência final para a lista de convidados especiais: Bruce Springsteen, Levon Helm, Billy Preston e Ringo Starr. A música, infelizmente, nada tem de especial. **

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #115 – “Ambidextrous p-Lestat (FM)”

#115 – “Ambidextrous p-Lestat (FM)”

Fernando Magalhães
19.06.2002 221004
O álbum dos AMBIDEXTROUS é completamente irrelevante. Eletrónica fria, melódica, saltitante, insuportavelmente igual a dezenas de coisas que se vão ouvindo um pouco por todo o lado.
A culpa é dos AROVANE e do estilo que criaram, hoje em dia, para os meus ouvidos, completamente enjoativo. Muzak…

O mesmo se aplica em relação aos também russos, SYNTETIKA (“100% Syntetika”), embora as batida sejam menos anémicas. Mas a sensação de “Déjà vu” e de absoluta falta de ideias prevalece.

Música bonitinha…o tal muzak,,,para ouvir como fundo…Alguém falou em papel de parede?

A crítica sai já neste Y.

FM

John Surman – “Road To Saint Ives”

Pop-Rock / Quarta-Feira, 06.03.1991


JOHN SURMAN
Road To Saint Ives
LP / CD, ECM, distri. Dargil



Explica-se na capa que a música deste disco se inspirou nas paisagens e história do condado da Cornualha, em Inglaterra. As suas lendas e um dialecto próprio mantido vivo até ao século passado fascinaram John Surman ao ponto de dedicar um disco inteiro a uma estrada dessa região. As faixas têm os mesmos nomes estranhos e mágicos das povoações que assombram a senda para Saint Ives: “Tintagel”, “Mevagissey”, “Lostwithiel”, “Marazion”, “Bedruth steps”. Viagem pelo imaginário celta (já anteriormente recuperado por Surman num disco anterior à fase ECM – “Westering Home”) e pelo lirismo arrebatado dos saxofones e clarinete baixo de um dos seus mestres incontestados. Sopros que sozinhos contam histórias ancestrais, no diálogo que consigo próprios mantêm, feito de ecos e ritmos circulares (“Lostwithiel”, “Perranporth”, “Kelly Bray”). Noutras paragens sobressaem a grandiosidade do órgão litúrgico, em “Tintagel”, ou nas cintilações electrónicas repetitivas que o músico adoptou a partir de “The Amazing Stories of Simon Simon”, como em “Bodmin Moor”, “Piperspoool” e “Bedruthan sterps”. Cada vez mais afastado de uma estética propriamente jazzística (num percurso semelhante, dentro da mesma editora, ao de Jan Garbarek), John Surman prossegue na demanda de uma beleza despojada, buscando o ponto exacto, como pensava Platão, onde essência e forma se confundem. ****