Daniel Lanois – “Shine”

(público >> y >> pop/rock >> crítica de discos)
13 Junho 2003


DANIEL LANOIS
Shine
Anti, distri. Compact Records
6|10



Pop ambiental. Pop feita com mil cuidados na cozinha, isto é, no estúdio. Daniel Lanois é uma espécie de Brian Eno sem o génio. Como Eno, produziu os U2, mas também Peter Gabriel ou Dylan. Também como Eno, decidiu a dada altura assinar ele próprio os discos. “Shine” vale, como os anteriores, pelo som. Quanto às canções, fica a sensação de terem resultado de fórmulas previamente ensaiadas até atingirem o ponto em que não provocam nem repulsa nem paixões. “I love you” é uma mistura de Velvet com U2 que conta com a voz de Emmylou Harris e, logo a seguir, “Falling at your feet” lança-nos à cara Bono como convidado. Já “As tears roll by” envereda pelo registo dos primeiros discos de canções de Eno. Sem o génio. Lanois tem, contudo, a noção da melodia, da coloração e do espaço. Que povoa com slide guitars (“Transmitters” e “JJ leaves LA” soam tão bem como Ry Cooder ou B. J. Cole), a solidão do “bayou”, algo de Badalamenti em “Matador”, respirações pausadas, o ar frio de uma noite sinalizada pelo canto dos grilos e transmissões de rádio fantasma. “Shine” brilha com uma chama azul.



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