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2 Maio 2003
JOEL XAVIER
Lisboa
Ed. e distri. Zona Música
7|10

Virtuoso da guitarra, Joel Xavier foi convidado, aos 23 anos, para tocar ao lado de Larry Coryell, Bireli Lagrene e Tomatito, na antologia “Palabra de Guitarra Latina”. Uma honra. “Lisboa”, sucedendo a “Lusitano”, é uma cidade fusionista. “7 colinas”, “O Tejo”, “O castelo”, “O elevador”, “Bairro Alto” formam uma topografia sonora, tecida por Marino Freitas (baixo), Ricardo Dias (acordeão) e André Sousa Machado (bateria) em que o jazz se cruza com a nostalgia do fado, o “novo tango” de Piazzola, o “bal musette” chique de Richard Galliano e a fogueira cigana. “O elétrico” conta com a harmónica do convidado Toots Thielemans para um passeio por um “blues musette” com aroma portuário, enquanto na “Gaivota” (primeira parte de “O fado”), a voz de Carlos do Carmo situa “Lisboa” em sede própria, junto ao rio da Saudade. “Gaivota” que, se outras virtudes não tivesse, tem pelo menos a de focar o virtuosismo de Xavier ao serviço da emoção, pondo freio numa mestria técnica que, noutros temas, não resiste a deixar-se apanhar pelo exibicionismo. Não chega tocar não sei quantas notas por segundo, o difícil é conseguir que cada uma delas seja indispensável para a história que se pretende contar. Joel Xavier tem o fogo, falta-lhe, por enquanto, a arte de o dominar.