11.12.1996
Lightning Seeds
Dizzy Heights
EPIC, DISTR. SONY MUSIC

A “Q” deste mês dá ao álbum cinco estrelas, nota máxima, comparando os Lightning Seeds aos Kinks. Mais, afirma que Ian Broudie, vocalista do grupo, “como muito poucos antes dele, descobriu o cálice sagrado da pop”. Sem querermos ser desmancha prazeres, não era preciso ofender Ray Davies. “Dizzy Heights” é, sem sombra de dúvida, uma agradável colecção de melodias pop, algumas delas, como “Imaginary Friends”, “Sugar Coated Iceberg” ou “Fingers And Thumbs” com aquele traço indefinível que, sem motivos aparentes, as torna em objectos de adesão emocional imediata. Isso não evita a sensação de um produto criado em laboratório, com a administração milimétrica de cada condimento, doseados de maneira a provocarem o tal fenómeno de simbiose auditiva. Exemplo desta estratégia é um tema como “What If”, uma mistura dos Beach Boys com Pet Shop Boys e The Divine Comedy. Recorrendo a sonoridades de “soul” sintética, à eletróncia em bombons “a la” Orchestral Manoeuvres In The Dark (“Like You Do”), ou uma elegância cuidadosamente encenada, que vai da “mod” dos anos 60 a pormenores de produção cozinhados no caldeirão dos anos 90, não admira que os Lightning Seeds provoquem recensões como as da “Q”, gente com entusiasmo mas de memória curta. (7)