19.10.2001
Kubik
Oblique Musique
Zounds, distri. Sabotage
8/10
Kubik é Victor Afonso, de quem já se conhecia a maqueta “Radio Mutation”. “Oblique Musique” assinala em simultâneo a estreia oficial deste músico da Guarda e da editora Zounds. Adepto da manipulação de fontes sonoras díspares, que reorganiza através do sampler, Victor Afonso revela-se herdeiro do experimentalismo e do industrialismo (mas não desestruturalismo…) dos anos 80 que justapõe a algumas das tendências da “nova dança inteligente”, ficando o resto a cargo da sua delirante imaginação. Em “Exploding trip inevitable” e “Dj grozny” a música traça paralelismos curiosos com a dos dois geniais Holgers alemães, respectivamente Holger Hiller ( a sua coreografia de máquinas e Wagner) e Holger Czukay, na combinação groove, dub e marionetas étnicas. “Fangoria”, um dos temas recuperados de “Radio Mutation”, insere-se na linha de colagens dos Negativland e dos Popular Mechanics, mas este rol de referências, que não dispensa o humor (“Who Am I?”, “Ordet”, e a sua colagem zorniana para mil filmes num segundo, retomado na remistura final pelos Stealing Orchestra, a galope no carrocel dos Nova Huta) revela afinal a cultura musical do seu autor sem que isso manche a originalidade do projecto e, acima de tudo, a gama de recursos e a força das composições evidenciados em “Oblique Musique”.