Diane Labrosse & Michel F. – Côté Duo Déconstructiviste

21.05.1997
Flores Magnéticas
Bruire
Les Fleurs de Léo (8)
Diane Labrosse & Michel F. Côté
Duo Déconstructiviste (8)

Robert Marcel Lepage
La Plante Humaine (8)
Todos Ambiances Magnétiques, distri. Áudeo
Segunda parte do tríptico iniciado com “le Barman a tort de Sourire” e já completado com “L´Âme de l’Object”, “Les Fleurs de Léo” é a peça que faltava do “puzzle”. Nas boas companhias do círculo bem fechado das A. M., Jean Derome, Diane Labrosse, Robert M. LePage e René Lussier, aqui também com a programadora japonesa Ikue Mori, Michel F. Côté confirma uma tendência para a abordagem dos sons da forma menos previsível, com desprezo pelos géneros e no sincretismo de um estilo que amplia a imperfeição e rasga as noções usuais de composição.
Sopros e electrónica, espontaneidade e programação, parasitismo e paisagem, dialéctica de opostos em convulsão permanente. “les Fleurs de Léo” está estruturado em ciclos que evoluem em redor de temas que vão do heróico ao desprezível, numa amontoação de referências que constantemente remetem para memórias e músicas díspares. Côté assume o empirismo como método e a colagem subjectiva como estética. Ele próprio elabora a lista do seu sintonizador particular: Erik Satie (de quem recilca os seus “Sports et Divertissements”), John Cage, Alan Berg, Holger Czukay, Duke ellington, Alvin Lucier, Arvo Part, Witold Lutoslawski, krzysztof Penderecki, Elliott Sharp, Igor Stravinski e Anton Webern. Da combinação destes fragmentos resulta um borbulhar contínuo de ideias e mutações sonoras, numa “efeverscência jovial e criativa” que nasce da improvisação – para Côté, “terreno de investigação perfeitamente lúdico” – em estúdio, necessária ao encontro de “perspectivas oblíquas de acção”. Flores tentaculares.
A mesma estética é reavaliada por Michel F. Côté em duo com Diane Labrosse, elemento das Justine, ex-les Poules e ex-Wondeur Brass, e autora a solo do fenomenal “Face Cachée des Choses” (um dos melhores álbuns do ano passado para o Pop Rock, secção “Fora de Série”). A samplagem (os autores fazem questão de enumerar as fontes: Michel Faubert, Fred Frith, John Oswald, Hans Reichel, entre outros) adquire uma dimensão cinematográfica. A desconstrução obriga, neste caso, a noções rigorosdas de composição. Folclores imaginários, memórias sobrepostas em palimpsesto, ficções emocionais desencontradas, guerras semânticas e morfologias à deriva confluem e desagregam-se num território de alucinações privadas. Jazz electrónico, electrónica do jazz, poesia da anarquia, o que é uma canção? Nada mais do que um sonho, um encadeado de mcantam.
Robert Marcel LePage correu para o lugar mais afastado do habitado por Côté e Labrosse. Anos depois de ter posto os seus saxofones e clarinetes e a suacolecção de artefactos electrónicos avariados ao serviço de um “jazz” saltimbanco, em “La Traversée de la Mémoire Morte”, e completamente “free” em “Chants et Danses du Monde Inanimé”, com René Lussier, Le Page evoluiu para um discurso mais programático, encravado entre um classicismo desvirtuado e a nostalgia da liberdade. “Adieu Leonardo”, a sua obra anterior, e este “La Plante Humaine”, são obras de pendor classicizante (mesmo sinfónico, na sua estrutura geral) que apresentam uma visão de Leonardo da Vinci a partir dos filmes de animação com o mesmo nome realizados por Pierre Hébert, montados como uma “ópera audiovisual”.
Cruzamento do neo-romantismo com o pós-modernismo, da sua estrutura sinfónica com a retórica do “hard-rock” (“Le blaster des kids”, “tsaikomé punk”, “Rock et war”), do “jazz” com a música industrial, das tradições africanas com Edgar Varese, esta “planta humana fonográfica” devolve Robert M. LePage ao país esquecido do arco-íris. Mesmo quando é necessário desbravar uma selva de demónios – Gog e Magog, da faixa 13 – para descobrir o equilíbrio delicado das cores do pintor renascentista.

GRUPOS E DISCOGRAFIA FUNDAMENTAIS DO ROCK ALEMÃO DOS ANOS 70

GRUPOS E DISCOGRAFIA FUNDAMENTAIS DO ROCK ALEMÃO DOS ANOS 70
Agitation Free
Influenciados pela música árabe no primeiro álbum, “Malesch”, cósmicos no segundo. Com Lutz Albrich, dos Ash Ra Tempel, Michael Honig (futuro Tangerine Dream) e Peter Michael Hamel, “2nd Edition” (1973).
Amon Düül II
Do grupo communal designado por Amon Düül I derivou este n]ucleo dos que sabiam tocar. Rock inclassific]avel, gerado dos piores pesadelos do LSD. Reza a lenda que, nos concertos, cada músico estava sob o efeito de uma droga diferente. Os álbuns reflectem esta mistura de universdos paralelos, alternando longas improvisações anarco-cósmicas com canções surreais. “Yeti” (1970), “Tanz der Lemminge” (1971), “Wolf City” (1972).
Annexus Quam
Oriundos de Düsseldorf. Dos deslumbramentos psicadélicos do primeiro álbum, passaram ao “free jazz”, não menos empanturrado de alucinações, do segundo. “Osmose” (1970), “Bezeihungen” (1972).
Ash Ra Temple / Ashra / Manuel Göttsching
A guitarra eléctrica que veio do espaço por um dos nomes mais importantes da “Kosmische muzik”. Os Ash Ra Tempel eram os meninos bonitos do guru Rolf-Ulrich Kaiser, com as suas “acid jams” apontadas ao infinito. Já só, como Ashra, Göttsching aproximou-se da galáxia de Klaus Schulze, com passagem pela pop, o cinema de Phillipe Garrel e aterragem no minimalismo. “Schwingungen” (1972), “Inventions for Electric Guitar” (1974), “New Age of Earth” (1976).
Can
Mestres do ritual e dos ritmos do corpo. Filhos de Stockhausen, do “fre jazz” e dos Velvet Underground, inventaram a música do espaço interior. No seu caso não faz sentido falar de música “cósmica”, mas sim de “música microcósmica”. O “beat”, enquanto átomo da hipnose. “Monster Movie” (1969), “Tago Mago” (1971), “Ege Bamyasi” (1972), “Future Days” (1973), “Unlimited Edition” (1976).
Cluster
Representam o lado mais experimentalista do “krautrock”. Primeiro chamaram-se Kluster, industriais “avant la lettre”. Joachim Roedelius, o romântico, e Dieter Moebius, o conceptualista, formaram uma das duplas recorrentes da música electrónica alemã das últimas três décadas. Eno e Bowie assumem a sua influência, bem como a geração actual de bandas dos pós-rock. Fizeram trio com Brian Eno. “Cluster” (1972), “Zuckerzeit” (1974), “Cluster & Eno” (1977).
Harmonia
Associação dos Cluster com Michael Rother, dos Neu!, banda da qual exploraram o lado mais electrónico e minimalista. Juntamente com os Neu! Constituem uma referência fundamental do movimento “punk”, pela redução do ritmo a uma batida primordial. “Musik von Harmonia” (1974), “DeLuxw” (1975).
Holger Czukay
Teórico dos Can, congeminou mil estilos e inovações. Com os Technical Space Composers Crew, na colagem de sons concretos e ambientais com fitas de “world music” na reciclagem do “dub”. Com a voz do papa. Com um sintonizador de rádio e um “dictaphone”. O último dos alquimistas. “Cannaxis” (1969), “Movies” (1979).
Faust
Com Frank Zappa e os Henry Cow, um dos nomes que declararam guerra à música pop do século XX. Popularizaram o termo “krautrock” num tema com este nome do álbum “Faust IV”. Na sua música, o paradoxo faz sentido e alógica exige a criação de novas linguagens. Recentemente voltaram a gravar, radicais coko sempre, agora que o tempo finalmente os apanhou. “Faust” (1971), “So Far” (1972), “The Faust Tapes” (1973), “Faust IV” (1973).
Edgar Froese
O guitarrista e líder dos Tangerine Dream experimentou a solo o lado mais acusmático da música do grupo. “Aqua” (1974).
La Düsseldorf
Emblema da cidade, na visão mecanicista do percussionista Klaus Dinger, ex-Kraftwerk e ex-Neu!. “La Düsseldorf” (1976), “Viva” (1978).
Liliental
Supergrupo que juntou Dieter Moebius, dos Cluster, Conny Plank, produtor determinante no desenvolvimento do “krautrock”, Johannes Pappert, saxofonista dos Kraan, e o industrialista Asmus Tietchens. “Liliental” (1978).
Neu!
A máquina de ritmos binários de Klaus Dinger, sempre na sombra do que melhor eclodiu em Düsseldorf, aliada ao melodismo viciante e “easy listening” de Michael Rother. “Neu!” (1972), “Neu! 2” (1973), “Neu! 75” (1975).
Popol Vuh
Florian Fricke foi dos primeiros a levarem o grande “Moog” para dentro de uma catedral, mas depois a descoberta do cristianismo levou o seu piano para o céu. Um dos místicos da música alemã. Compositor de serviço de Werner Herzog. “In Der Garten Pharaos” (1972).
Klaus Schulze
Pai da música cósmica. Tocou bateria nos Psi Free e Tangerine Dream, estudou o catálogo do VCS3 nos Ash Ra Tempel e desapareceu, finalmente, entre os circuitos do sintetizador, abraçado a um busto de Wagner. Há quem adormeça ao escutar os seus “mantras” electrónicos de 30 minutos e quem jure viajar com eles por outras dimensões. “Cyborg” (1973), “Mirage” (1977), “X” (1978).

LINK (Parte 1)
LINK (Parte 2)

Kraftwerk
Ralf Hütter e Florian Schneider estiveram sempre um pouco à margem do “krautrock”. Ainda experimentaram o ruído, nos Organisation e nos dois primeiros álbuns, mas com “Autobahn” aboliram a portagem que impedia a livre circulação nas auto-estradas da música de dança do mundo. Depois transformaram-se em robôs e fecharam-se no estúdio Kling Klang, de onde saem de vez em quando para fazerem pontos de ordem à música tecno. “Ohm Sweet Ohm”, “Kraftwerk” (1970), “Kraftwerk 2” (1971), “Ralf & Florian” (1973), “Autobahn” (1974), “The Man Machine” (1978).
Tangerine Dream
Papas da Escola de Berlim. Música onírica, banda sonora das divagações sobre a relatividade de Einstein. A religião dos electrões. Tiraram o ritmo aos Pink Floyd abrindo no seu coração um pulsar. A primeira fase é “free rock” para tripar ao gosto de Julian Cope. Preferimos os espaços mais amplos rasgados pela formação quintessencial dos TD: Edgar Froese, Peter Baumann e Chris Franke. “Zeit” (1972), “Atem” (1973),”Phaedra” (1974), “Rubycon” (1975),
Walter Wegmüller
Wegmüller era um artista e mago cigano que o acaso fez cruzar com Timothy Leary, profeta e ideólogo do LSD, e com a turma inteira dos Cosmic Couriers, numa aldeia suiça onde teve lugar uma das desbundas de ácido de todos os tempos. “Tarot” (que inclui um baralho de Tarot desenhado pelo próprio) reflecte todas as vertentes, virtudes e defeitos dos primeiros anos da “Kosmische Musik”. “Tarot” (1973).
Whithüser & Westrupp
“Acid Folk” que entusiasmou Rolf-Ulrich Kaiser, dando origem ao selo Pilz, subsidiário da “Ohr”, sede de todas as aventuras cósmicas. “Trips und Traume” (1971).
Nota: todos os discos disponíevis em CD.
À atenção dos curiosos: Achim Reichel, Brainticket, Bröselmaschine, Cosmic Jokers, Cozmic Corridors, Joachim H. Ehrig (Eroc), Embryo, Emtidi, Eulenspygel, ExMagma (naõ confundir com os franceses Magma), Gila, Golem, Sergius Gollowin, Grobschnitt, Guru Guru, Hoelderlin, Kraan, Mythos, Novalis, Out of Focus, Parzival, Pell Mell, Phantom Band, Release Music Orchestra, Sand, Thirsty Moon, Wallenstein, Xhol, Yatha Sidhra.
BIBLIOGRAFIA
“Krautrocksampler: One Head’s Guide to the Great Kosmische Musik – 1968 Onwards” – Julian Cope (ed. Head Heritage). Manual.
Um dos responsáveis pelo recrudescimento de interesse pelo “krautrock”. O entusiasmo e a linguagem de verdadeiro apreciador com que Cope nos descreve as suas descobertas contagiam. Alguma falta de rigor é compensada pelas histórias deliciosas que se lêem como um romance, por exemplo todo o episódio do retiro suiço com Timothy Leary ou a paranóia de poder de Rolf-Ulrich Kaiser (“the kaiser”, como a dada altura lhe chama Cope), patrão e mentor dos Cosmic Couriers. Na discografia seleccionada é evidente o gosto do “acid head” pelas obras mais “tripantes” (mas também mais desconjuntadas…) do “krautrock”, privilegiando, quase sempre, os primeiros álbuns de cada artista, de que são paradigmáticos a inclusão da estreia dos Tangerine Dream, a profusão de discos dos Ash Ra Tempel das “acid jams” ou a totalidade da dispensável série dos Cosmic Couriers.
“Cosmic Dreams At Play – A Guide to German Progressive and Electronic Music”, de Dag Erik Asbjomsen (ed. Borderline Productions). Enciclopédia.
Notas informativas extensas, embora demasiado subjectivas e reveladoras da propensão do autor para valorizar discos pouco representativos. Vê-se que o autor aprecia acima de tudo o progressivo mais lamechas, na área do “sinfónico”… Discografias completas. A quantidade de entradas é razoável embora haja lacunas. Uma obra que perde, sobretudo, por um grafismo e “lettering” infelizes, como consequência de ser mais uma compilação de um amador do que um trabalho metódico. Reprodução, a cores e a preto e branco, de capas escolhidas de forma aleatória, com pouca atenção ao grafismo geral da obra.
“The Crack In The Cosmic Egg – Encyclopedia of Krautrock, Kosmische Musik & Other Progressive, Experimental & Electronic Musics from Germany”, de Steve Freeman e Alan Freeman (ed. Audion Publications). Enciclopédia.
O melhor e mais completo livro sobre “krautrock” editado até à data, ao contrário dos outros dois, estendendo-se pelos anos 80 e 90. Organizado metodicamente, inclui um mapa da Alemanha com a sinalização das cidades onde tiveram origem alguns dos grupos mais importantes, àrvores genealógicas, um “top-100”, editoras, tópicos gerias e um glossário. As discografias são acompanhadas, para cada álbum, pela lista completa dos músicos participantes. Os textos são informativos, rigorosos e excitam a curiosidade. A selecção de capas, todas com reprodução a cores, é, por si só, um prazer à parte.

Natal Compacto

19.12.1997
Natal Compacto
O Natal, para além do seu significado religioso, é uma época de consumo. Nesta quadra, a escolha das prendas pode constituir um problema. Em alternativa à quantidade de objectos inúteis, decorativos ou simplesmente absurdos que somos compelidos a comprar, sobretudo quando a pressão do tempo nos rouba já a lucidez, a oferta de um disco é uma das soluções mais viáveis que, inclusive, pode dar a impressão de que nos preocupámos, de facto, com o gosto e as preferências daquele que desejamos presentear.
Claro que nem sempre acontece assim e o mais certo é agarrarmos no primeiro disco dos tops que nos aparecer pela frente, a acenar na pilha das novidades. Também é possível, e mais económico, optar por uma promoção qualquer de um disco de fundo de catálogo. Neste caso convém ter mais cuidado e procurar uma edição menos evidente, estilo “raridade”, não vá dar-se o caso de a prima ou o amigo já ter adquirido o dito há, pelo menos, dez anos. Por estas e por outras é que o SONS entrou pelas discotecas dentro, comparando preços (a partir de uma lista de edições seleccionada aleatoriamente), vasculhando novidades, apostas e promoções, no sentido de ajudar o desorientado melómano na compra do CD mágico.
Para os generalistas, escolhemos as chamadas grandes superfícies. Fomos ao Continente, do C.C. Colombo, e ao Carrefour. Com enorme margem de escolha, existem as duas “megastores”, da Virgin e da Valentim de Carvalho. Têm muito por onde escolher. Mas há ainda o leitor genuinamente melómano, que investiga e procura com seis meses de antecedência a edição certa que irá oferecer no Natal. Para esses, sugerimos as lojas especializadas onde é possível encontrar aqueles álbuns que não existem em mais parte nenhuma. Carbono, Symbiose e Planeta Rock são três lugares onde a música mais hermética coabita com objectos mais fáceis ou, simplesmente com os objectos de desejo de algumas minorias: as tribos da música de dança, da indie ou da música brasileira, por exemplo. É óbvio que não pudemos ir a todas, ficando outras, muitas, lojas de fora. Lojas como a Ananana, Contraverso, Torpedo ou Godzila, todas especializadas em música não comercial. E, afinal de contas, porque não comprar o seu disco de Natal aí mesmo, na loja do seu bairro?
Apostas
São, muitas vezes, os discos colocados nas montras, aí colocados para chamar a atenção. Os novos de Vanessa Mae (“Strom”) e das Spice Girls (“Spice World”) ou a colectânea dos Queen (“Queen Rocks”) estão em exposição no Continente. Também em destaque, Janet Jackson (“The Velvet Rope”), o duplo de Glen Miller (“The Memorial”) e os Gaiteiros de Lisboa (“Bocas do Inferno”).
Janet Jackson, Gypsy Kings (“Compas”), Elvis Costello (“Extreme Honey”), Green Day (“Nimrod”), Laura Pausini (“Le Chose Che Vive”), M People (“Fresco”), Cure (“Galore”), Elvis Presley (“Forever In Love”), Bon Jovi (Destination Anywhere”), Smoke City (“Flying Away”) e Led Zeppelin (o duplo “Remsaters”) são algumas das apostas do Carrefour. Para além de uma prateleira inteira cheia com a discografia dispersa de José Afonso.
A Virgin aposta na colectânea dupla da Kapital, nas Spicel Girls, e nos Aqua (“Aquarium”). Mas também se percebe que procura, facturar com “Como Fazer Strip Para O Seu Marido”, “The Bridge School Concerts”, “Biografia do Pop/Rock”, “Heróis do Rock”, o disco da revista “Caras” e o tributo a Diana, ou seja, as colectâneas têm a parte de leão. Também em destaque, as “Bocas do Inferno”, dos Gaiteiros de Lisboa.
“Segredo”, de Amália Rodrigues, ocupava um escaparate inteiro da “megastore” da Valentim de Carvalho do Rossio. Curiosa, a reunião, num outro escaparate, de álbuns de “música alternativa”, numa denominada linha Outouno-Inverno 1997-98, com, entre outros, Blaze, DJ Krush, Squarepusher, Stereolab, Pressure Drop, Attica Blues, Mick Harvey, Luke Vibert, Bentley Rhythm Aces, Jim Tenor, Sukia, Howie B., Plaid, Photek, Roni Size, Jay Jay Johanson.
A Carbono, adepta do “hard core”, do “metal” e do que é independente, joga tudo em “Stellafly” dos Ithaka, “The Full Sentence”, dos Pigeonhed, “Polythene” dos Feeder, “From The Bar Room Floor” dos Flaming Stars, “Fake Can Be Just As Good” dos Blonde Redhead, “Three Dollar Bill Yall” de Limp Bizkit, “Megafone”, projecto de João Aguardel, “Coal Chamber” dos Cola Chamber, “Bathtime” dos Tindersticks e “Four Estate” dos Sixteen Horsepower.
A Planeta Rock, cujas especialidades são a música progressiva, a música brasileira e bandas-sonoras (“Legend”), colectânea de canções dos filmes de Pedro Almodovar, “An American Warewolf In Paris”, “Event Horizon”, “Alien-Ressurection”), aposta em “Por Onde Andará Stephen Fry” de Zeca Baleiro, “Livro” de Caetano Veloso, na colectânea “Palabra de Guitarra Latina” (com os guitarristas Larry Coryell, Joel Xavier e Raimundo Amador) e no novo dos I.Q., “Subterranea”.
Os Mais Vendidos
O Top da Virgin inclui particamente todos os discos mais comerciais saídos nas últimas semanas. Muito mais interessantes são as listas dos mais vendidos nas lojas especializadas. A Symbiose, que aposta nas áreas do “trip hop”, “drum’n’bass, gótica, industrial, “krautrock” e tecno, está a vender Jay Jay Johanson (“Whiskey”), Low (“Songs from a Dead Pilot”9, as colectâneas “Future Sound of Jazz, Vol. 4”, “Absolute Supper” e “Spiritual Life Music”, Alpha (“Come From Heaven”), Boymerang (“Balance of the Force”9, Sofa Surfers (“Transit”9, Arcana (“Cantar de Procella”9 e Plaid (“Not For the Trees”9.
O Top da Carbono inclui os Deftones (“Around the Fur”9, Portishead (“Portishead”), Iuy (“Apartmente Life”), Manowar (“Hell on Wheels”), Attica Blues (“Attica Blues”), Verve (“Urban Hymns”9, Will Oldham (“Joya”9, Ithaka 8”Stellafly”9, Psycho Realm (“Psycho Realm”9 e Incubus (“S.C.I.E.n.C.E.”).
Os mais vendidos na Planeta Rock são o novo dos Yes (“Open Your Eyes”), Steve Hackett (“Genesis Revisited”), Enya (“Prince Frog”), Zeca Baleiro (Por Onde Andará Stephen Fry”) e a colectânea “El Che Vive!”.
Novidades
“The best of…” de Yanni, “Greatest Hits” de Vangelis, “Baladas en Espanhol” de Roxette, “23 am” de Robert Miles e os “Greatest Hits” dos Kelley Family ainda estão frescos no Carrefour.
Na Virgin, a colectânea “Voz e Guitarra”, “The Best of Eurhytmics”, “The Big Picture” de Elton John, “The Velvet Rope”, de Janet Jackson, os “Duets” de B. B. King e “Storm” de Vanessa Mae, no meio de dezenas de outros nomes.
Na Valentim de Carvalho, salienta-se “Live Manowar” dos Manowar, “Voz e Guitarra”, “Aquarium” dos Aqua, “The Best of Eurhytmics” e “Timeless”, de Sara Brightman com a London Symphony Orchestra.
Uma das novidades da Symbiose é o duplo de música étnica, “Egypt – Music of the Nile, from the Desert to the Sea”.
São várias as novidades da Carbono: “Our Tired Poor Huddled Masses (Best Of)” dos Residents, “Yeah, It’s That Easy” de G Glove and Special Sauce, “Happy End of the World” dos Pizzicato Five, “The Action is Go” dos Fu Manchu, “Joya” de Will Oldham, “Le Masquerade Infernable” de Arcturus, “Death to the Pixies”, edição em vinilo dos Pixies, “Shapes” dos Polvo, “The Ghost of Tom Joad”, CD + vídeo, dos Rage Against The Machine e “Desconstructed” dos Bush.
A Planeta Rock tem o disco de homenagem a Betinho (sociólogo brasileiro que recentemente faleceu vítima de sida, por transfusão de sangue contaminado), a colectânea de comemoração dos 30 anos do movimento “Tropicália”, “Cair da Tarde” de Ney Matogrosso (com música de Tom Jobim e Villa-Lobos), “Acústico” de Gal Costa, “Acabou Chorare” dos Novos Baianos, “Ao Vivo” de A Cor do Som, “Aos Vivos”, “Cuscuz Clã” e “Beleza, Mano” de Chico César, e “Afrociberbelia” e “Da Lama ao Caos” de Chico Science, isto no capítulo da música brasileira. Em matéria de progressivo e afins, há “Destillation” dos Wishbone Ash, “Europe 72 e Waterfall” dos If, “Aurora” e “Enigmatic Ocean” de Jean-Luc Ponty, “Songs from Renaissance Days” dos Renaissance, “Live in Poland” dos Emerson, Lake and Palmer, “Act One” dos Beggars Opera, “Tango Fango” dos Guru Guru, “Novalis” e “Banished Bridge” dos Novalis, “Germania” dos Jsne e “Obsession Fees” de Dick Hackstall-Smith.
Promoções
São várias as promoções do Continente: o novo dos Rolling Stones a 2995 escudos, os “Heróis do Rock” a 2595, os “Super Bebés” de Alexandra Lencastre a 2995, a colectânea didáctica “Como Fazer strip-Tease para o Seu Marido” a 2945. Michael Bolton a 3195, “23 am”, de Robert Miles, a 2895. O duplo álbum de Tributo a Diana, a 3895.
O Carrefour tem a preços reduzidos “More Gold” dos Abba, a 2670 escudos, o novo de Michael Bolton a 2890 e a colectânea de Yanni a 2725. Depois, há um vasto escaparate com obras de fundo de catálogo, a 1590 escudos cada álbum, onde se podem encontrar nomes como Victoria Williams, Asia, Cher, Supertramp (“indelibly Stamped” remasterizado), Blondie, Kiss, Suzanne Vega, Camel, Jethro Tull, Siouxsee & The Banshees, U2, Blur, Morrissey, Therapy!, Heróis do Mar e exemplares dispersos de edições de música étnica da Hemisphere, entre muitos outros, incluindo discos de “jazz” e música clássica.
Para além de dezenas de títulos de fundo de catálogo, a preços bastante reduzidos (Cure, Bob Marley, Soundgarden, Sting, Metallica, Dire Straits, Abba, Vangelis, Van Morrison ou os Bee Gees, entre muitos outros), a Virgin tem o novo de Bjork a 2995 escudos.
O novo de Bob Dylan custa 3490 escudos (o chamado “preço de amigo”) na Valentim de Carvalho.
A Symbiose não tem promoções mas dá o cartão cliente, oferecendo um compacto ao fim de um número estipulado de compras. Os preços variam entre 2900 e 3000 escudos para as edições independentes e 3300 escudos para as das multinacionais.
A colectânea da Mantra, “Le Meilleur du Rock Progressif”, está à venda na Planeta Rock a mil escudos. Ao mesmo preço, podem encontrar-se alguns álbuns de “new age” e música electrónica da editora Innovative Communications. Uma edição especial de “Homogenic”, de Bjork, em duplo CD com a participação do guitarrista Raimundo Amador, custa 3950 escudos. Os clientes com cartão da loja têm direito a um desconto de 20 por cento sobre todos os produtos.
Enquanto não se decide pode ouvir…
A chamda música de fundo, que age sobre o ouvido e o cérebro de forma quase subliminar. Na Virgin, no passado dia 5, pairavam os sons dos Chumbawanba (“Tubthumber”), Cure (“Galore”), Michael Oldfield (“The Essential”), No FX (So Long And Thnks For All The Shoes”), Metallica (“Reload”) e Blind Zero (“Recoast”).
Na Valentim de Carvalho demos por nós a escutar Sinead O’Connor e “Sei Quem Ele É”, de Madalena Iglésias.
Na Symbiose, Jay Jay Johanson, Dead Can Dance (“Spiritchaser”), Squarepusher, a colectânea “Future Sound Of Jazz, Vol. 4” e Curtains, dos Tindersticks, têm estado com frequência no ar.
Ouve-se, naturalmente, na Planeta Rock, a música dos Van Der Graaf Generator, Steve Hackett ou Pat Metheny, para além de uma presença constante dos grupos europeus da falange “neo prog.”.
Postos de Escuta
Nas lojas “normais”, o mais provável é poder ouvir os discos na aparelhagem que está montada no local. Nos hipermercados, pelo contrário, ou nas “megastores”, há postos de escuta que permitem a audição de discos específicos. No Continete estavam em escuta, na semana passada, entre outros, os novos discos dos Wham, Kelly Family, Spice Girls e Michael Bolton, a par das colectâneas de John Lennon, Enya, o tributo a Diana, da Kapital, Queen e “Super Mix 12”.
Para se ouvir à vontade, no Carrefour há postos de escuta com álbuns dos Excesso (“Eu sou aquele”), Spice Girls, Céline Dion, Andrea Bocelli, Paulo Gonzo, Demis Roussos (“24 Canções”), “Top Star 97/98”. Metallica, Madredeus, Elton John, Enya, Rosana (“Lunas Rotas”), Kenny G, “Heróis do Rock”, “Voz e Guitarra”, disco da “Caras”, Eros Ramazotti e Richard Clayderman (“My Bossa Nova Favorites”).
Na Virgin o que não falta são postos de escuta. As orelhas podiam colar-se aos sons da Kapital, Antena 3, Andrea Bocelli, Madredeus, Enya, Céline Dion, Michael Bolton, Metallica, Wham, Spice Girls, Amália Rodrigues, Verve, Daniela Mercury, Manowar, Rolling Stones, Eros Ramazotti e John Lennon.
A Valentim de Carvalho tinha os altifalantes abertos para os Metallica, Paul Simon (“Songs From The Capeman”), Mulu, Michael Bolton, “The Best of Sinead O’Connor, M People (“Fresco”), Glen Miller, Rolling Stones, Green Day (“Nimrod”), Madredeus e Amália.