19.12.1997
Natal Compacto
O Natal, para além do seu significado religioso, é uma época de consumo. Nesta quadra, a escolha das prendas pode constituir um problema. Em alternativa à quantidade de objectos inúteis, decorativos ou simplesmente absurdos que somos compelidos a comprar, sobretudo quando a pressão do tempo nos rouba já a lucidez, a oferta de um disco é uma das soluções mais viáveis que, inclusive, pode dar a impressão de que nos preocupámos, de facto, com o gosto e as preferências daquele que desejamos presentear.
Claro que nem sempre acontece assim e o mais certo é agarrarmos no primeiro disco dos tops que nos aparecer pela frente, a acenar na pilha das novidades. Também é possível, e mais económico, optar por uma promoção qualquer de um disco de fundo de catálogo. Neste caso convém ter mais cuidado e procurar uma edição menos evidente, estilo “raridade”, não vá dar-se o caso de a prima ou o amigo já ter adquirido o dito há, pelo menos, dez anos. Por estas e por outras é que o SONS entrou pelas discotecas dentro, comparando preços (a partir de uma lista de edições seleccionada aleatoriamente), vasculhando novidades, apostas e promoções, no sentido de ajudar o desorientado melómano na compra do CD mágico.
Para os generalistas, escolhemos as chamadas grandes superfícies. Fomos ao Continente, do C.C. Colombo, e ao Carrefour. Com enorme margem de escolha, existem as duas “megastores”, da Virgin e da Valentim de Carvalho. Têm muito por onde escolher. Mas há ainda o leitor genuinamente melómano, que investiga e procura com seis meses de antecedência a edição certa que irá oferecer no Natal. Para esses, sugerimos as lojas especializadas onde é possível encontrar aqueles álbuns que não existem em mais parte nenhuma. Carbono, Symbiose e Planeta Rock são três lugares onde a música mais hermética coabita com objectos mais fáceis ou, simplesmente com os objectos de desejo de algumas minorias: as tribos da música de dança, da indie ou da música brasileira, por exemplo. É óbvio que não pudemos ir a todas, ficando outras, muitas, lojas de fora. Lojas como a Ananana, Contraverso, Torpedo ou Godzila, todas especializadas em música não comercial. E, afinal de contas, porque não comprar o seu disco de Natal aí mesmo, na loja do seu bairro?
Apostas
São, muitas vezes, os discos colocados nas montras, aí colocados para chamar a atenção. Os novos de Vanessa Mae (“Strom”) e das Spice Girls (“Spice World”) ou a colectânea dos Queen (“Queen Rocks”) estão em exposição no Continente. Também em destaque, Janet Jackson (“The Velvet Rope”), o duplo de Glen Miller (“The Memorial”) e os Gaiteiros de Lisboa (“Bocas do Inferno”).
Janet Jackson, Gypsy Kings (“Compas”), Elvis Costello (“Extreme Honey”), Green Day (“Nimrod”), Laura Pausini (“Le Chose Che Vive”), M People (“Fresco”), Cure (“Galore”), Elvis Presley (“Forever In Love”), Bon Jovi (Destination Anywhere”), Smoke City (“Flying Away”) e Led Zeppelin (o duplo “Remsaters”) são algumas das apostas do Carrefour. Para além de uma prateleira inteira cheia com a discografia dispersa de José Afonso.
A Virgin aposta na colectânea dupla da Kapital, nas Spicel Girls, e nos Aqua (“Aquarium”). Mas também se percebe que procura, facturar com “Como Fazer Strip Para O Seu Marido”, “The Bridge School Concerts”, “Biografia do Pop/Rock”, “Heróis do Rock”, o disco da revista “Caras” e o tributo a Diana, ou seja, as colectâneas têm a parte de leão. Também em destaque, as “Bocas do Inferno”, dos Gaiteiros de Lisboa.
“Segredo”, de Amália Rodrigues, ocupava um escaparate inteiro da “megastore” da Valentim de Carvalho do Rossio. Curiosa, a reunião, num outro escaparate, de álbuns de “música alternativa”, numa denominada linha Outouno-Inverno 1997-98, com, entre outros, Blaze, DJ Krush, Squarepusher, Stereolab, Pressure Drop, Attica Blues, Mick Harvey, Luke Vibert, Bentley Rhythm Aces, Jim Tenor, Sukia, Howie B., Plaid, Photek, Roni Size, Jay Jay Johanson.
A Carbono, adepta do “hard core”, do “metal” e do que é independente, joga tudo em “Stellafly” dos Ithaka, “The Full Sentence”, dos Pigeonhed, “Polythene” dos Feeder, “From The Bar Room Floor” dos Flaming Stars, “Fake Can Be Just As Good” dos Blonde Redhead, “Three Dollar Bill Yall” de Limp Bizkit, “Megafone”, projecto de João Aguardel, “Coal Chamber” dos Cola Chamber, “Bathtime” dos Tindersticks e “Four Estate” dos Sixteen Horsepower.
A Planeta Rock, cujas especialidades são a música progressiva, a música brasileira e bandas-sonoras (“Legend”), colectânea de canções dos filmes de Pedro Almodovar, “An American Warewolf In Paris”, “Event Horizon”, “Alien-Ressurection”), aposta em “Por Onde Andará Stephen Fry” de Zeca Baleiro, “Livro” de Caetano Veloso, na colectânea “Palabra de Guitarra Latina” (com os guitarristas Larry Coryell, Joel Xavier e Raimundo Amador) e no novo dos I.Q., “Subterranea”.
Os Mais Vendidos
O Top da Virgin inclui particamente todos os discos mais comerciais saídos nas últimas semanas. Muito mais interessantes são as listas dos mais vendidos nas lojas especializadas. A Symbiose, que aposta nas áreas do “trip hop”, “drum’n’bass, gótica, industrial, “krautrock” e tecno, está a vender Jay Jay Johanson (“Whiskey”), Low (“Songs from a Dead Pilot”9, as colectâneas “Future Sound of Jazz, Vol. 4”, “Absolute Supper” e “Spiritual Life Music”, Alpha (“Come From Heaven”), Boymerang (“Balance of the Force”9, Sofa Surfers (“Transit”9, Arcana (“Cantar de Procella”9 e Plaid (“Not For the Trees”9.
O Top da Carbono inclui os Deftones (“Around the Fur”9, Portishead (“Portishead”), Iuy (“Apartmente Life”), Manowar (“Hell on Wheels”), Attica Blues (“Attica Blues”), Verve (“Urban Hymns”9, Will Oldham (“Joya”9, Ithaka 8”Stellafly”9, Psycho Realm (“Psycho Realm”9 e Incubus (“S.C.I.E.n.C.E.”).
Os mais vendidos na Planeta Rock são o novo dos Yes (“Open Your Eyes”), Steve Hackett (“Genesis Revisited”), Enya (“Prince Frog”), Zeca Baleiro (Por Onde Andará Stephen Fry”) e a colectânea “El Che Vive!”.
Novidades
“The best of…” de Yanni, “Greatest Hits” de Vangelis, “Baladas en Espanhol” de Roxette, “23 am” de Robert Miles e os “Greatest Hits” dos Kelley Family ainda estão frescos no Carrefour.
Na Virgin, a colectânea “Voz e Guitarra”, “The Best of Eurhytmics”, “The Big Picture” de Elton John, “The Velvet Rope”, de Janet Jackson, os “Duets” de B. B. King e “Storm” de Vanessa Mae, no meio de dezenas de outros nomes.
Na Valentim de Carvalho, salienta-se “Live Manowar” dos Manowar, “Voz e Guitarra”, “Aquarium” dos Aqua, “The Best of Eurhytmics” e “Timeless”, de Sara Brightman com a London Symphony Orchestra.
Uma das novidades da Symbiose é o duplo de música étnica, “Egypt – Music of the Nile, from the Desert to the Sea”.
São várias as novidades da Carbono: “Our Tired Poor Huddled Masses (Best Of)” dos Residents, “Yeah, It’s That Easy” de G Glove and Special Sauce, “Happy End of the World” dos Pizzicato Five, “The Action is Go” dos Fu Manchu, “Joya” de Will Oldham, “Le Masquerade Infernable” de Arcturus, “Death to the Pixies”, edição em vinilo dos Pixies, “Shapes” dos Polvo, “The Ghost of Tom Joad”, CD + vídeo, dos Rage Against The Machine e “Desconstructed” dos Bush.
A Planeta Rock tem o disco de homenagem a Betinho (sociólogo brasileiro que recentemente faleceu vítima de sida, por transfusão de sangue contaminado), a colectânea de comemoração dos 30 anos do movimento “Tropicália”, “Cair da Tarde” de Ney Matogrosso (com música de Tom Jobim e Villa-Lobos), “Acústico” de Gal Costa, “Acabou Chorare” dos Novos Baianos, “Ao Vivo” de A Cor do Som, “Aos Vivos”, “Cuscuz Clã” e “Beleza, Mano” de Chico César, e “Afrociberbelia” e “Da Lama ao Caos” de Chico Science, isto no capítulo da música brasileira. Em matéria de progressivo e afins, há “Destillation” dos Wishbone Ash, “Europe 72 e Waterfall” dos If, “Aurora” e “Enigmatic Ocean” de Jean-Luc Ponty, “Songs from Renaissance Days” dos Renaissance, “Live in Poland” dos Emerson, Lake and Palmer, “Act One” dos Beggars Opera, “Tango Fango” dos Guru Guru, “Novalis” e “Banished Bridge” dos Novalis, “Germania” dos Jsne e “Obsession Fees” de Dick Hackstall-Smith.
Promoções
São várias as promoções do Continente: o novo dos Rolling Stones a 2995 escudos, os “Heróis do Rock” a 2595, os “Super Bebés” de Alexandra Lencastre a 2995, a colectânea didáctica “Como Fazer strip-Tease para o Seu Marido” a 2945. Michael Bolton a 3195, “23 am”, de Robert Miles, a 2895. O duplo álbum de Tributo a Diana, a 3895.
O Carrefour tem a preços reduzidos “More Gold” dos Abba, a 2670 escudos, o novo de Michael Bolton a 2890 e a colectânea de Yanni a 2725. Depois, há um vasto escaparate com obras de fundo de catálogo, a 1590 escudos cada álbum, onde se podem encontrar nomes como Victoria Williams, Asia, Cher, Supertramp (“indelibly Stamped” remasterizado), Blondie, Kiss, Suzanne Vega, Camel, Jethro Tull, Siouxsee & The Banshees, U2, Blur, Morrissey, Therapy!, Heróis do Mar e exemplares dispersos de edições de música étnica da Hemisphere, entre muitos outros, incluindo discos de “jazz” e música clássica.
Para além de dezenas de títulos de fundo de catálogo, a preços bastante reduzidos (Cure, Bob Marley, Soundgarden, Sting, Metallica, Dire Straits, Abba, Vangelis, Van Morrison ou os Bee Gees, entre muitos outros), a Virgin tem o novo de Bjork a 2995 escudos.
O novo de Bob Dylan custa 3490 escudos (o chamado “preço de amigo”) na Valentim de Carvalho.
A Symbiose não tem promoções mas dá o cartão cliente, oferecendo um compacto ao fim de um número estipulado de compras. Os preços variam entre 2900 e 3000 escudos para as edições independentes e 3300 escudos para as das multinacionais.
A colectânea da Mantra, “Le Meilleur du Rock Progressif”, está à venda na Planeta Rock a mil escudos. Ao mesmo preço, podem encontrar-se alguns álbuns de “new age” e música electrónica da editora Innovative Communications. Uma edição especial de “Homogenic”, de Bjork, em duplo CD com a participação do guitarrista Raimundo Amador, custa 3950 escudos. Os clientes com cartão da loja têm direito a um desconto de 20 por cento sobre todos os produtos.
Enquanto não se decide pode ouvir…
A chamda música de fundo, que age sobre o ouvido e o cérebro de forma quase subliminar. Na Virgin, no passado dia 5, pairavam os sons dos Chumbawanba (“Tubthumber”), Cure (“Galore”), Michael Oldfield (“The Essential”), No FX (So Long And Thnks For All The Shoes”), Metallica (“Reload”) e Blind Zero (“Recoast”).
Na Valentim de Carvalho demos por nós a escutar Sinead O’Connor e “Sei Quem Ele É”, de Madalena Iglésias.
Na Symbiose, Jay Jay Johanson, Dead Can Dance (“Spiritchaser”), Squarepusher, a colectânea “Future Sound Of Jazz, Vol. 4” e Curtains, dos Tindersticks, têm estado com frequência no ar.
Ouve-se, naturalmente, na Planeta Rock, a música dos Van Der Graaf Generator, Steve Hackett ou Pat Metheny, para além de uma presença constante dos grupos europeus da falange “neo prog.”.
Postos de Escuta
Nas lojas “normais”, o mais provável é poder ouvir os discos na aparelhagem que está montada no local. Nos hipermercados, pelo contrário, ou nas “megastores”, há postos de escuta que permitem a audição de discos específicos. No Continete estavam em escuta, na semana passada, entre outros, os novos discos dos Wham, Kelly Family, Spice Girls e Michael Bolton, a par das colectâneas de John Lennon, Enya, o tributo a Diana, da Kapital, Queen e “Super Mix 12”.
Para se ouvir à vontade, no Carrefour há postos de escuta com álbuns dos Excesso (“Eu sou aquele”), Spice Girls, Céline Dion, Andrea Bocelli, Paulo Gonzo, Demis Roussos (“24 Canções”), “Top Star 97/98”. Metallica, Madredeus, Elton John, Enya, Rosana (“Lunas Rotas”), Kenny G, “Heróis do Rock”, “Voz e Guitarra”, disco da “Caras”, Eros Ramazotti e Richard Clayderman (“My Bossa Nova Favorites”).
Na Virgin o que não falta são postos de escuta. As orelhas podiam colar-se aos sons da Kapital, Antena 3, Andrea Bocelli, Madredeus, Enya, Céline Dion, Michael Bolton, Metallica, Wham, Spice Girls, Amália Rodrigues, Verve, Daniela Mercury, Manowar, Rolling Stones, Eros Ramazotti e John Lennon.
A Valentim de Carvalho tinha os altifalantes abertos para os Metallica, Paul Simon (“Songs From The Capeman”), Mulu, Michael Bolton, “The Best of Sinead O’Connor, M People (“Fresco”), Glen Miller, Rolling Stones, Green Day (“Nimrod”), Madredeus e Amália.