Bùrach – “The Weird Set”

Pop Rock

29 de Maio de 1996
world

Bùrach
The Weird Set
GREENTRAX, DISTRI. MC – MUNDO DA CANÇÃO


burach

I-m-p-r-e-s-s-i-o-n-a-n-t-e é o mínimo que se pode dizer da velocidade de execução e da excitação provocada pelo violino de Gavin Marwick, elemento dos electrofolkers The Iron Horse, que aqui, na qualidade de músico convidado, incendeia por completo a estreia dos Bùrach, grupo escocês vencedor, em 1994-1995, do “Scottish folk group competition”. O “set” de “three reels” é, neste particular, qualquer coisa de épico e de cortar a respiração, remetendo para a lendária prestação do velho “fiddler” dos Fairport Convention, Dave Swarbrick, no “medley” “Dirty linen”, de “Full House”. Marwick desvaira e, a meio do tema, parte a galope na direcção dos Balcãs. Poucos grupos rock conseguirão provocar tamanha descarga de adrenalina, por obra e graça de um violino em estado de furiosa aceleração. Além do “bonus” da presença de MAarwick, os Bùrach dispõem ainda de uma magnífica acordeonista, Sandy Brechin, e uma vocalista com alguma graça, Alison Cherry, ainda que pouco inspirada. Para aguentarem a pedalada, sempre que o violino ataca, os Bùrach chamam em seu socorro a velha batida binária “ceilidh”, pobre mas incomparavelmente útil à míngua de outros argumentos. De falta de sentido de humor é que ninguém os pode acusar, os safados. Chamar “Is our brain a house? No, it’s a life enhancing intergalactic electro virus” a um tema merece uma medalha. Interessante de ouvir, óptimo para dançar. (7)



Eliza Carthy & Nancy Kerr – “Shape of Scrape”

Pop Rock

17 de Abril de 1996
world

Eliza Carthy & Nancy Kerr
Shape of Scrape
MRS. CASEY, DISTRI. MC – MUNDO DA CANÇÃO


ec

Depois da companhia dos pais, Martin Carthy e Norma Waterson, Eliza, uma das actuais coqueluches do “fiddle” em Inglaterra, juntou forças com a não menos promissora Nancy Kerr. O resultado deste segundo esforço conjunto saldou-se por um lugar de destaque na lista dos melhores do ano passado para a “Folk Roots”. Para os aficionados do violino, num estilo, o inglês, menos fluido e mais sincopado que o irlandês “estandardizado”, é um “must”, com o bónus de excepcionais prestações vocais, a solo, como no “a capella” de Eliza, em “Lay down in broom”, “Growing (the trees they do grow high)” (transmitido pelo grande Walter Pardon) e “Bonny light horseman”, ou em harmonizações em duo, como “I know my love”, “The keek (or ride) in the creel” e “The wanton wife of Castlegate”, que estão ao nível de referências como The Watersons, Peter Bellamy, Shirley & Dolly Collis ou John Kikpatrick com Sue Harris. Nancy, uma voz mais juvenil, curiosamente possuidora de um tipo de textura velada que recorda Carole Pegg (Mr. Fox), tem o seu momento em “The poor & young single sailor”. Interessante é verificar como um número cada vez maior de aspirantes prefere a opção purista às facilidades e maior apelo mediático das fusões. Neste caso, nem admira. Quem sai aos seus… (8)



Battlefield Band – “Threads”

Pop Rock

17 de Abril de 1996
world

Battlefield Band
Threads
TEMPLE, DISTRI. MC – MUNDO DA CANÇÃO


bb

Mais de vinte anos de carreira a levar a música da Escócia aos cinco cantos do globo não retiraram a mínima parcela de entusiasmo e frescura que são o garante da posição e do prestígio de que hoje desfrutam os Battlefield Band no circuito de música “folk” da Europa. Uma energia que contagia de imediato às primeiras notas das “Highland pipes” de Iain MacDonald no “set” instrumental de abertura. Surpresas, custa encontrá-las, mas como resistir à musicalidade, a rondar a perfeição, destes veteranos – descontando o benjamim John McCusker – que fazem da coerência e da integridade (foram-se definitivamente as caixas-de-ritmo de “Anthem for the Common Man” e “On the Rise”…) uma regra de conduta? Os Battlefield, como os Chieftains, na Irlanda, avançam com segurança, imperceptivelmente ao encontro de uma obra que as gerações posteriores irão consultar para também elas levarem mais longe o legado tradicional. Fiquem-se então com a sabedoria das teclas de Alan Reid, da gaita-de-foles de MacDonald e da guitarra de Alistair Russell. E sintam um arrepio, o terror dos mares e da caça às baleias (considerações ecológicas e humanistas à parte) na versão de A. L. Lloyd para “The weary whaling grounds”. Um álbum à altura da instituição. (8)