Arquivo de etiquetas: Battlefield Band

Battlefield Band – “Stand Easy + Preview”

pop rock >> quarta-feira >> 01.06.1994
Reedições


Battlefield Band
Stand Easy + Preview
Temple, distri. MC – Mundo da Canção



Uma primeira revelação pelos Battlefield Band, em início de carreira, passaram duas vozes femininas de razoáveis recursos – Jenny Clark, presente em “Stand Easy”, de 1977, e Sylvia Barnes, no EP “Preview”, do ano seguinte.
Era a época em que o som desta banda escocesa andava à procura de rumo e, ao mesmo tempo, de estabilizar a sua formação. Em “Stand Easy”, a música dos Battlefield soava curiosamente inglesa, nomeadamente nas harmonias vocais de temas como “The Battle of Falkirk Muir” e o “carol” “Christ has my hart ay”, reminiscentes dos Steeleye Span. Mas já lá estavam a tradicional extroversão instrumental impulsionada pelos teclados de Alan Reid e as “Highland pipes”, então a cargo de Duncan MacGillivray, em contraste com a delicadeza do violino daquele que viria a tornar-se a estrela fugitiva da banda, Brian McNeill.
Em termos de faixas, os destaques maiores vão para uma composição de Gillivray cantada de forma empolgante por Jenny Clark, “Sevan Braw Gowns”, e para a riqueza harmónica dos arranjos no já citado “The Battle of Falkirk Muir” onde pontificam o baixo, o cruzamento das vozes, o cravo e a gaita-de-foles, num registo que os Battlefield apurariam ao máximo nos esplendores de “Celtic Hotel” (7)

Vários (Barzaz + Battlefield Band) – “Começou O Festival Intercéltico Do Porto – Artífices Do Mar” 8concertos)

cultura >> sábado, 03.04.1993


Começou O Festival Intercéltico Do Porto
Artífices Do Mar


Duas notas distintas marcaram o início da 4ª edição do Intercéltico. Ao registo mais interiorizado dos bretões Barzaz responderam os escoceses da Battlefield Band com a apresentação festiva de temas do seu último álbum, “Quiet Days”. O Intercéltico arrancou em beleza, em ano de consagração.



Coube ao grupo da Bretanha Barzaz esculpir em rochas, vento e sal a primeira curva da tríplice espiral céltica “na triskell”, na 4ª edição do Festival Intercéltico do Porto. Principais artíficies, o flautista Jean-Michel Veillon e o percussionista de origem irlandesa David Hopkins, este o discreto tecelão das texturas ambientais que caracterizam a estética do grupo, ao vivo, e no álbum “Na Den Kozh Dall”. Paisagens marítimas em constante mutação, espelho salgado que reflecte a natureza profunda da brumosa e ancestral Bretanha. Músico ligado à “new age”, Hopkins rubricou, já no último “encore” um excelente solo de “bodhran”.
Paradoxalmente a música dos Barzaz “quebrou” pelo seu elo mais forte, nas vocalizações de Yann Fanch Kemener, voz profundamente enraizada na tradição vocal bretã mas que em dois ou três temas cantou ligeiramente acima do tom. Por culpa do frio, queixava-se ele nos bastidores, depois de ter surgido em palco envolto num pesado sobretudo. Entre suites de danças “plinn” e “fisel”, entrou para o quadro de honra do Intercéltico uma fabulosa adaptação de um “endro” profundo e diluviano que fez estremecer as fundações do Rivoli.

“Ainda Temos Uma Canção!”

Seguiu-se a festa imparável dos Battlefield Band, grupo amado por uns e odiado por outros, mas ao qual não se pode recusar uma coerência absoluta, na proposta que adoptaram desde o início de carreira. Alan Reid é hoje o maestro de uma formação renovada onde pontificam o virtuosismo e o poder das “highland pipes” de Iain McDonald e o violino desse prodígio de apenas 18 anos de idade que é John McCusker, bem secundados pelo sóbrio acompanhamento de Alistair Russell, na guitarra.
Se algumas reservas podem ser colocadas a uma certa “normalização” das vocalizações (faceta onde se faz sentir com maior acuidade a ausência de Brian McNeill), o mesmo não se pode dizer da maestria instrumental revelada pelo grupo, autêntica máquina de fazer música que pôs a assistência do Rivoli em delírio.
Num concerto que privilegiou os temas do álbum novo “Quiet Days”, “strathspeys”, marchas, “reels” e “jigs” alternaram com baladas de cariz politizado (“The hoodie craw” ou “Hold back the tide”, sobre a decadência da indústria naval na Escócia) e momentos de pura loucura, como o “celtic country bayou rock & roll” de “Six days on the road” ou o clássico “Afterhours”, exemplo da mais pura “celtic twilight poetry”, segundo a definição irónica da banda. O público exigiu dois “encores” – “pode ser, ainda temos uma canção!” – acabando o concerto em ambiente de loucura, com as “pipes” de Iain McDonald no comando das operações.
Já pela noite dentro, num bar da Ribeira, entre fumos, (mais) copos e música de dança, Robin Morton, o “papa” da Temple Records revelou ao PÚBLICO o lançamento próximo de um álbum conjunto de Edith MacKenzie, Christine Primrose, Arthur Cormack e Alison Kinnaird, resposta inteligente à actual superbanda escocesa Clan Alba, enquanto o líder dos Battlefield Band, Alan Reid, anunciava o seu primeiro projecto a solo. Debaixo dos holofotes e da batida frenética, escoceses e bretões perdiam-se no meio da confusão. Todos querem voltar.

Battlefield Band – “Quiet Days”

pop rock >> quarta-feira, 31.03.1993
WORLD


Battlefield Band
Quiet Days
CD Temple, distri. MC – Mundo da Canção



Fase calma, a que os Battlefield Band atravessam de momento. De calma e de uma certa falta de inspiração. Começa a tornar-se evidente que a banda não é a mesma desde a saída de Brian McNeill, como de resto já era visível no álbum anterior, “New Spring”. É que se o espírito de celebração permanece, até porque o grupo carrega sobre os ombros a responsabilidade de se ter tornado numa instituição da música escocesa, a vivacidade e o entusiasmo perderam-se um pouco com a saída daquele músico. A falta faz-se sentir sobretudo ao nível das vocalizações, que em McNeill chegavam a atingir uma dimensão épica e na actual formação não encontraram substitutos à altura, soando os novos desempenhos, por comparação, quase vulgares. Não fariam mal os Battlefield em procurar um vocalista à altura, até porque instrumentalmente, embora se possa sentir a ausência da versatilidade das cordas e do violino de McNeill ou da subtileza das “pipes” de Dougie Pincock, a banda continua em forma. Na tradição dos bons gaiteiros que passaram pelo “campo de batalha”, Iain McDonald assina as melhores prestações de “Quiet Days”, no “medley” de abertura ou dois “tours de force” finais de “Col. MacLean of Ardgour / Pipe major Jimmy MacGregor / Rocking the baby” e “Now will I ever be simple again?”, passando pelo magnífico diálogo em uníssono com o violino de John McCusker, em “The ass in the graveyard”. (7)