Boris Feoktistov – “Russian Chants, Parastas – Ambient Mix” + Nikola Parov “Kilim”

POP ROCK

9 Abril 1997
world

Boris Feoktistov
Russian Chants, Parastas – Ambient Mix (7)
99, DISTRI. SYMBIOSE

Nikola Parov
Kilim (3)
HANNIBAL, DISTRI. MVM


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Do Leste europeu chegam-nos dois projectos com estética e ambições divergentes. “Parastas” pretende ser obra profunda, enquanto “Kilim” se contenta em entrar para a grande feira das fusões. No primeiro caso trata-se de cânticos religiosos russos remisturados por Bill Laswell. No segundo, o multinstrumentista búlgaro Nikola Parov (voz, guitarra, gaita-de-foles, “gadulka”, “kaval”, teclados, “‘ud”, clarinete, bateria, “bouzouki”, “tin whistle”, programações, sequenciações de baixo e efeitos especiais) fica-se pela world a metro, decalcada dos manuais chunga.
Bill Laswell mostra-se mais comedido do que é habitual, embora também toque no disco o seu baixo vulcânico na criação das suas “construções ambientais”. “Parastas” conta ainda com a engenharia sonora, processamento de sons e guitarra eléctrica de Robert Musso, outro nova-iorquino adepto das sonoridades peso-pesadas. Curiosamente, as três longas composições de Feoktistov, “Cold chamber”, “Four sided vortex” e “Relative motion”, todas subdivididas em várias partes, não sofrem demasiados maus tratos com as manipulações a que são sujeitas, primando o trabalho de Laswell e Musso pela discrição, de maneira a não perturbar a atmosfera de liturgia fúnebre desta obra. “Parastas” escorre como um néctar, a religiosidade das polifonias russas descendo ao Hades do ambientalismo mais negativo, num lugar de sombras e choro onde Arvo Pärt se cruza com “Low”, a missa negra de David Bowie. Não é “sombient” mas evoca as mesmas paisagens desoladas, já não do espaço, mas de uma natureza humana gelada e triste arrastando-se pelas câmaras do desespero.
“Kilim” é pouca coisa. Não faltam convidados de luxo com o selo “celta”, neste caso da Riverdance Orchestra, entre os quais Mairtin O’Connor, Noel Eccles e o omnipresente Davy Spillane, mais um punhado de músicos húngaros. Muita gente para a escassez de ideias, num pastelão daqueles que dá má fama ao já muito sovado emblema da world music.





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