Zap Mama – “Seven”

POP ROCK

19 Fevereiro 1997
world

Os elefantes voam baixinho

ZAP MAMA
Seven (7)
Virgin, distri. EMI-VC


zm

Bobby McFerrin gravou, certo dia, uma obra-prima da música vocal, “The Voice”, viagem solitária pelos limites do canto e da multiplicidade das suas formas. Depois, aos poucos, foi-se adaptando, até se tornar apenas um bom cantor, alinhado no “mainstream”. Esta história, tantas vezes repetida, aplica-se ao novo álbum das Zap Mama, outrora um grupo vocal que, através de um par de álbuns, “Zap Mama” e “Sabsylma”, abriu algumas das portas que hoje escancaram a “world music”. O sucesso surgiu e, de novo uma história já sabida, o grupo assinou por uma multinacional. Há quem resista. As Zap Mama não resistiram. Uma das características que fazia a diferença, a criatividade dos ritmos, expressa em arranjos onde polifonia e polirritmia se casavam, diluiu-se na utilização de fórmulas alheias ao grupo e já ensaiadas por outrem. O ritmo pegajoso em que se torna o “hip-hop” quando é segurado por mãos de pouca agilidade entrou a pontapé no universo, até então pessoal, das Zap Mama (“Jogging à Tombouctou”, “Baba hooker”, “Poetry man”, “Timidity”). A ginástica vocal envereda igualmente pela repetição dos gestos, agora subjugados pelos imperativos de danças de aprendizagem acelerada. São os lugares-comuns da música africana. São uma chusma de músicos a encher cada buraco da mistura. É um bocejo que facilmente se instala, acompanhado pela sensação de desperdício. Até se chegar ao tema número nove, “Telephone”, o momento menos preguiçoso do disco, desenvolvido, ainda assim, a partir das mesmas premissas de “Taxi”, do álbum de estreia, quando os tímpanos se congratulam com a verificação de algo mais consistente e original. Mas algo desperta, de facto, a meio do percurso. “Nostalgie amoureuse” cria outro momento que apetece investigar mais fundo, enquanto “Timidity” mistura Billie Holiday, Shirley Bassey, “hip-hop” e “acid jazz”. Ou seja, como que dando por cumpridas as obrigações contratuais, as senhoras resolveram, enfim, arriscar como faziam antes, aproximando-se da veia inovadora que caracterizava os dois primeiros álbuns. Decisão que peca por tardia. Sob a rodela de alumínio, a ilustração de um elefante, envia a mensagem: “Eleve a sua consciência”. Mas como o animal é de peso, a elevação torna-se difícil. O que não impede que “Seven” dê ao grupo a oportunidade de conseguir outros voos, mais altos. Mas é o primeiro passo, não diríamos para trás, mas ao lado, das Zap Mama.



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