Hawkwind – “Hawkwind” + “In Search Of Space” + “Doremi Fasol Latido” + “Space Ritual” + “Hall Of The Mountain Grill”

Pop Rock

17 de Abril de 1996
reedições poprock

“Strip-tease” no espaço

HAWKWIND
Hawkwind (7)
In Search of Space (7)
Doremi Fasol Latido (6)
Space Ritual (7)
Hall of the Mountain Grill (7)
EMI – Premier, import. Lojas Valentim de Carvalho


haw

“Demos o passo em falso há anos”, “We took the wrong step years ago”, uma das faixas do álbum “In Search of Space”, de 1971, podia servir de legenda para a viagem sem tino nem regresso, mas sempre bem regada a ácido, dos Hawkwind, argonautas do “space rock”, de 1969 até aos nossos dias. As actuais reedições, remasterizadas, dos cinco primeiros álbuns da banda incluem temas extra e vêm embaladas em formato “digipak” multidesdobrável.
“Hawkwind”, de 1970, apresenta uma banda paranóica, onde as referências à ficção científica se diluem na angústia de experiências sonoras que devem tanto ao “rhythm’n’blues” como ao “acid-rock” californiano e à desbunda electrónica fora de controle. Uma mistura de caos, drogas, energia sexual e literatura que situou os Hawkwind algures nas proximidades dos Amon Düül II, de “Phalus Dei”. A capa é considerada uma das mais “tripantes” da fase inicial do progressivo.
O álbum seguinte, “In Search of Space”, encontra o grupo em plena “trip” cosmocomunitária, com raízes na “Heroic fantasy”. Relevo para “You shouldn’t do that”, 16 minutos de descolagem de uma nave espacial com o motor gripado, com a guitarra saturada de Dave Brock a sufocar os soluços do saxofone de Nik Turner (uma espécie de David Jackson, dos Van Der graaf, mais primitivo), enquanto Dik Mik e Del Dettmar se entretinham a carregar nos botões e cursores do “áudio generator” e do sintetizador VCS3. As apresentações ao vivo contavam ainda com a dança “ritual” de Stacia, uma “stripper” que acabava invariavelmente nua em palco. “Adjust me”, com vozes em aceleração de rotações, “We took the wrong step years ago”, balada psicadélica de ressaca, e o precursor das ondas “heavy”, “Master of the universe”, conferem a este disco uma mística estranha para a qual muito contribui o livrete delirante que acompanhava a edição original e a presente reedição teve o cuidado de reproduzir.
“Doremi Fasol Latido”, de 1972, é uma “colecção de “hinos espaciais” e “canções de batalha”, pesados, monocórdicos e hipnóticos, quase velvetianos, na brutalidade e nas estruturas repetitivas e massacrantes das guitarras.
No mesmo ano foi editado o duplo ao vivo “Space Ritual” – para muitos, o auge da estética “space rock”. Antigos e novos temas alinham-se numa progressão implacável de ritmos robóticos, “riffs” de guitarra na melhor tradição do “metal” (“Brainstorm”, um dos hinos do grupo), contorcionismos de electrónica em estado bruto e interlúdios de declamação pelo poeta Robert Calvert (autor de interessantes álbuns a solo na companhia de Brian Eno, como “Captain Lockheed and the Strafighters” e “Lucky Leif and the Long Ships”) e Michael Moorcock, escritor de “sci-fi” e guru da banda.
“Hall of the Mountain Grill”, de 1974, funciona como album de transição, que deixa patente o protagonismo de Simon House, nos teclados e violino, em ex-High Tide que trouxe para a música dos Hawkwind cambiantes de classicismo, juntando os “mellotrons” dos Moody Blues à electrónica estelar dos Tangerine Dream da “Alpha Centauri”, no tema “Wind of change”. Qualquer destes discos deve ser ouvido alto, muito alto.



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