pop rock >> quarta-feira, 10.11.1993
WORLD
Xenos
Let The Swine Loose
Arc, import. Contraverso
Quem são, de onde vêm, para onde vão? Os Xenos (“estrangeiros”) são dois autralianos da Tasmânia, Anne Hildyard e Rob Bester, e um suíço, Christian Fotsch. Aqui com a colaboração adicional de dois macedónios e do percussionista David Hopkins, já nosso conhecido: vimo-lo em Portugal no último Intercéltico, integrado na formação des Barzaz. As composições de “Let the Swine Loose”, gravado ao vivo na Suiça (não se nota, não há ruídos alienígenas, os desempenhos instrumentais são imaculados), dividem-se por três grupos: temas para gaita-de-foles de vários tipos, entre as quais a “gaida” dos Balcãs e o “tulum” do Irâo, esta com duas ponteiras e sem qualquer bordão; um segundo grupo dedicado a estilo de danças modernas da Macedónia, em que a instrumentação eléctrica habitualmente utilizada foi substituída por um formato acústico de saxofone, clarinete, bouzouki, contrabaixo e darbouka; um terceiro, de música dos tocadores de “zurna” da Bulgária e Turquia. São ainda visitadas as músicas tradicionais da Grécia e do Irão.
A visão dos Xenos é a de estrangeiros numa terra estranha, fascinados pelo desconhecido. A música, embora oriunda de zonas com as quais estamos razoavelmente familiarizados, soa de forma bizarra. Reconhecem-se as bases, mas estranham-se os caminhos. Por entre as emanações do “ud”, do “cümbüs” (banjo turco), do “djembe” e outros artefactos sonoros criados para ajudar a fazer da música tradicional uma história interminável, sobressai a voz de Anne Hilyard, em “Lute lute / buka ere”, tão emocionante e emocionada como a de Márta Sebestyen. (7)