08.05.1998
Fridge
Semaphore (7)
Output, import. Lojas Valentim de Carvalho
O pós-rock está a chegar à idade adulta, a julgar pelos mais recentes trabalhos dos Tortoise, Trans AM, Ui, Gastr Del Sol e Tone Rec. A esta elite não se juntam, por enquanto, os Fridge que, depois de “Ceefax”, um álbum que terá feito as delícias dos incondicionais dos Neu!, atingem, no entanto, neste seu terceiro álbum, a maturidade capaz de os libertar do peso excessivo das influências. “Semaphore”, embalado numa vertiginosa sequência de fotografias destituídas de mensagem (“Ceefaz” era todo branco, à maneira dos Faust), arranca com uma batida mecânica, fazendo gala de uma agressividade que a seguir se diluirá num gosto acentuado pelo ambientalismo. Consumada a marca do “krautrock” restava ao Fridge enveredarem por vias mais pessoais que passam aqui pela descoberta da melodia em desenvolvimento de guitarras que se deixam adormecer em “grooves” demetal. Por vezes a música recorda um grupo como os Dif Juz (uma das pérolas menosprezadas da 4AD dos anos 80), noutras são ainda os Neu!, no seu lado mais amplo e aquático, de “Neu!75”, a fazer sentir a sua presença. Na conjugação e alternância deste lado cinematográfico da sua música com temas com base em programações electrónicas (semelhantes, na forma, aos utilizados pelos Trans AM no recente “The Surveillance”) constroem os Fridge a sua auto-estrada sinalizada por semáforos de nevoeiro.