Black Dice – “Beaches & Canyons”

(público >> y >> pop/rock >> crítica de discos)
21 Março 2003


BLACK DICE
Beaches & Canyons
FatCat, distri. Ananana
8|10



Chegam de Brooklyn com a fama de provocadores, onde por volta de 1997 davam concertos de “noise” de 15 minutos que descambavam em ofensas mútuas entre os músicos e a assistência. Já com sede em Nova Iorque os Black Dice, um quarteto montado em torno de manipulações eletrónicas, guitarra tratada, baixo e percussão, derivaram para uma música feita ainda a expensas dos limites sónicos mais violentos mas estruturada segundo cânones menos conotados com o “punk”. Não que “Beaches & Canyons” condescenda em baixar à condição de “new age” adrenalínica, antes pelo contrário. Conotados com referências como os Throbbing Gristle, My Bloody Valentine, Can e os Pink Floyd do período psicadélico, os Black Dice propõem uma fusão de sonoridades industriais, gritos de tormento, tripas à vista e guitarras submetidas a tortura. Nos quinze minutos de “Endless happiness” o ruído emerge das profundezas para se fundir num magma de frequências de extrema violência que finalmente se focaliza como o ponto de encontro do pós-rock mais radical com uma variante regressiva dos primeiros e industriais trabalhos dos Kraftwerk, enquanto os 16 minutos finais de “Big drop” fazem empalidecer os atuais Faust ao empreenderem a destruição absoluta das noções de música mais tradicionais.



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