The Rainbirds – Forever

23.01.1998
The Rainbirds
Forever (7)
Our Choice, distri. Música Alternativa

LINK (“Call Me Easy…” – 1989)

“Sit back, relax, look at everything through your magnifying glass” (“senta-te, descontrai-te, observa todas as coisas através dos teus óculos de aumentar”, canta Katharina Franck em “Time comes round to pass” no novo álbum dos Rainbirds. É tanto um conselho como uma síntese de todo um programa enunciado por esta banda belga, já com dez anos de existência e que agora reconverteu a sua espantosa capacidade de criar melodias pop de primeira água para um formato assente prioritariamente em samplagens e programações electrónicas. Sobre este fundo de sofisticação, elaborado por Ulrike Haage e Tim Lorentz, a voz de Katharina positivamente desliza, com um desprendimento “cool” que não deixa de evocar Isabel Antenna ou os primórdios de Tracey Thorn nos Everything But The Girl. “Forever” é como um jardim estilizado, palco das tragédias e comédias da vida, observadas através dos tais óculos de aumentar. É música pop de câmara, ambiental, aberta à experimentação, da mesma forma que não hesita em dar um ar “retro” a alguns dos ambientes criados, recorrendo a um piano melancólico ou às ondulações paraminimalistas de um naipe de cordas. O efeito provocado por este misto de doçura e distanciação, de alternância entre luminosidade solar e húmidas brumas (em tudo semelhante, dizem os músicos, ao quadro meteorológico da pequena povoação onde o álbum foi gravado, na cidade de Spa), é semelhante ao de um arco-íris difuso pautando o ritmo das emoções. Podem não ser canções para sempre, mas sê-lo-ão, decerto, por este Inverno fora.

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