Shabotinski – (B)ypass (K)ill

28.01.2000
Shabotinski
(B)ypass (K)ill (8/10)
Charhizma, distri. Ananana

shabotinski

Antes de irem a correr protestar até à loja porque o disco está estragado, ouçam até ao fim o tema inicial deste segundo álbum da banda austríaca Shabotinski, a mesma que há dois anos assinou o excelente “Stenimals”. O tema em questão, que abre “(B)ypass (K)ill” (a decifração dos títulos, através da consulta da capa, é tarefa que exige muita paciência e uma lente de aumento) usa o típico ruído de um CD estragado (velocidade acelerada, como se não conseguisse ser lido) para construir um dos muitos “grooves” de natureza estranha que preenchem o álbum. A seguir a esta “avaria” os Shabotinski fabricam um swing irresistível de electrónica-enguia sobre o qual se agita um sample com um trompete de jazz fanhoso. Mais ruídos (agora de estática), recortes de drum ‘n’ bass e hip hop de má cara e arma na mão, um “film noir” industrial saturado de “noise” e distorsão amplificados até ao pesadelo, ocasionais aproximações à electrónica em labirinto dos Orchester 33 1/3 – o que se compreende, uma vez que um dos elementos dos Shabotinski, Christof Kurzmann, fez parte daquela formação – juntam-se a arquitecturas ambientais abstractas, a um solo de contrabaixo sobre mais ruídos e guitarra com as cordas lassas (faixa 6) ou a uma “canção” como a faixa 8 vocalizada (“life doesn’t fright me at all”…) à maneira dos Wire enquanto por detrás alguém é torturado com barras de ferro e choques eléctricos e outro se entretém a solar distraidamente num saxofone. Tão inclassificável como “Stenimals”, “(B)ypass (K)ill” confirma os Shabotinski como uma das bandas mais criativas do panorama da música electrónica actual.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.