09.01.2004
Enon
Hocus-Pocus
Southern, distri. Sabotage
6/10
Uma voz de menina inocente, sapatos de ritmo com marca “new wave”, energia com escape livre, electrónica convenientemente adaptada à tendência “electro-punk” em voga. Canções com cabeça, tronco e membros, não necessariamente por esta ordem. A combinação resulta. Há quem tente definir esta banda sediada em Brooklyn através do recurso a citações aos Tom Tom Club, The Cure iniciais e Love. Os primeiros a sustentar a faceta “new wave” musculada, os segundos tentando contextualizar a sonoridade de um tema como “UTZ”, os Love garantindo a credibilidade do lado psicadélico do grupo, cultivado em “Storm and gates”. Há ainda o exotismo resultante das vocalizações da cantora japonesa Toko Yasuda, sabendo-se da capacidade das vocalistas japonesas para soarem como bonecas mecânicas capazes de soletrar toda a gama de emoções situadas entre a inocência e a perversidade (“Mikazuka”, “Monsoon”). Se juntarmos a tudo isto um lado teatral e o glam-punk do Bowie de Ziggy Stardust (“Litter in the glitter”) ou a balada final que dá título ao álbum, embalada em guitarra acústica e sintetizadores-realejo, compreenderemos melhor que o principal problema dos Enon estará nesta altura em encontrar um fio condutor que os transforme de banda cheia de ideias em banda com rosto próprio.