18.02.2005
The Dead Texan
The Dead Texan
Kranky, distri. Sabotage
6/10
Brian Eno é quem tem culpa de ter inventado a música ambiental. Em seu nome, está justificada toda a música cujos efeitos são soporífero, analgésicos, anestesiantes ou qualquer outro estado de adormecimento ou embrutecimento mental. A sua “Discreet Music” abriu portas que até hoje ficaram emperradas. Adam Wiltzie, dos Stars of the Lid, é óbvio seguidor de Eno. Com uma ressalva, enquanto so Stars of the Lid levam a estética de uma “drone” só espremida até ao infinito, Wiltzie é mais esteta, como o Eno de “Another Green World”. “The Dead Texan” consegue ser interessante no modo como articula as premissas do ambientalismo (longas e calmas notas sobrepondo-se em camadas a notas ainda mais longas e calmas) com o desejo de canção e de um certo classicismo com selo Gavin Bryars. Mais como os Labradford fazem e os Biosphere faziam no início (“A chronicle of early failures”). As vozes são apagadas, afogando-se me lagos de jardins, os pianos e guitarras juntam cromos de paisagens do chão para com eles criarem vinhetas de sentido dúbio. A “ambient” de Adam Wiltzie está exposta em montras iluminadas e as suas personagens são bonecos animados de vida artificial. Estados febris.