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Chicago Underground Duo – Synesthesia

16.06.2000
Art Duo Of Chicago
Chicago Underground Duo
Synesthesia (8/10)
Thrill Jockey, distri. Ananana

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LINK (Chicago Underground Trio – Chronicle – parte 1)
LINK (Chicago Underground Trio – Chronicle – parte 2)

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Chicago é sinónimo de free-jazz e de pós-rock. Rob Mazurek, trompetista de filiação jazzística nas hostes da AACM (Association for the Advancement of Creative Musicians), está no centro destes dois movimentos. Se a sua costela “free” encontra livre expressão na Chicago Underground Orchestra (com a qual gravou para a editora de jazz Delmark o álbum “Playground”), já a tendência pós-rock é cultivada com Jeff Parker no colectivo Isotope 217º, que recentemente lançou “Utonian-Automatic”, confirmando-se nas colaborações com os Tortoise, Mouse on Mars, Gastr del Sol e Stereolab. É nos Chicago Underground Duo, ao lado do percussionista Chad Taylor, que estas duas vertentes se encontram, mais ainda neste novo álbum que no anterior da dupla, “12º of Freedom”, numa intercepção justamente definida pelo título – “Sinestesia”, do dicionário, “a experiência sensorial na qual sensações correspondentes a um certo sentido são associadas às de outro sentido”. O jazz disciplina-se na aritmética rigorosa e na electrónica geralmente associadas ao pós-rock. Este liberta-se através da improvisação das suas grilhetas rítmicas. A experiência sinestésica funciona cedo, com a programação dos sintetizadores, no tema de abertura, a induzir os sentidos a fazer a associação com a electrónica planante de “Phaedra” dos Tangerine Dream. A partir deste “trompe l’oeil” auditivo, porém, as coordenadas da electrónica, do pós-rock e do free-jazz diluem-se numa música sem fronteiras nem classificação (a única comparação será com os Supersilent) onde solos de jazz (principalmente de Mazurek, no trompete, nos quais se podem descortinar alusões a Miles Davis e a Don Cherry) alternam com sequências de electrónica abstracta (além das conotações com Sun Ra, o último tema, “Tram Transfer Nine” podia ter a assinatura de Conrad Schnitzler…) e zonas ambientais criadas pelo vibrafone. Com John McEntire na qualidade de engenheiro de som, “Synesthesia” conta ainda com a colaboração de Sam Prekop, dos The Sean And The Cake, no sintetizador Moog, no tema “Fluxus”, uma homenagem ao grupo com este nome que nos anos 60 foi pioneiro na improvisação livre.