22.09.2000
Isotope 217
Who Stole The I Walkman? (8/10)
Thrill Jockey, distri. Ananana
Os Isotope não inventaram a pólvora! Mas, convenhamos, a forma como encheram com ela a espingarda do pós-rock, dá vontade de dar um tirinho. Consultaram Miles Davis, terão escutado, como se diz, o flibusteiro da electrónica francesa, Pierre Henry (génio ou farsante?), leram os ficheiros dos Afrika Bambaata e Grandmaster Flash. Pode ser. Mas quando ouço um tema como “moot Ang” lembro-me de “Third”, dos Soft Machine, enquanto “Harm-o-lodge” e “Meta bass” me fazem participar nos passeios pelo jazz psicadélico dos Hatfield and the North (experimente-se comparar o segundo com “Shaving is boring”, do álbum de estreia dos Hatfields…). Pode ainda encontrar-se antecedentes nos “canterburianos” dos anos 80, The Muffins. Mas “Who Stole the I Walkman?” não se fica pela citação e é isso que faz dos Isotope 217 uma das bandas mais interessantes da “música intuitiva” (termo chique que subsitui o anterior “pós-rock”), de tendência “jazzy”, inclinação electrónica e queda para a improvisação. Estimulantes no exercício do ensemble, convictos no “soling”, imaginativos no design, os Isotope 217 avançam com passos firmes e em paralelo com os Chicago Underground Duo em direcção a territórios mais ambientais e de maior densidade electrónica (chegam a flutuar nas vastidões do krautrock tribal/planante dos Can em temas como “Moonlex”) que os dos álbuns anteriores, na procura do paraíso que os Tortoise deixaram antecer em “Millions now living will never Die”.
NOTA: “Signed Curtain”, dos Matching Mole, citado na recente recensão a Pascal Comelade não é um tema instrumental, mas vocalizado, nem faz parte do álbum “Little Red Record” mas sim do disco de estreia do grupo, “Matching Mole”.