POP ROCK
9 Abril 1997
world
Hassan Erraji & Arabesque
Marhaba
RIVERBOAT, DISTRI. MVM

Embora o currículo deste músico, natural de Marrocos, esteja repleto de louvores, é difícil não pressentir na sua música algumas cedências a um modo ocidental de entender a música árabe. Estamos longe do postal ilustrado e da viagem turística, mas é um facto que os ouvidos se habituam, talvez com demasiada facilidade, aos arabescos desenhados por Hassan Erraji e a sua banda.
Erraji estudou música árabe e clássica europeia mas os seu primeiro instrumento não foi comprado numa loja, mas sim construído com uma lata, um bocado de madeira e os raios de uma bicicleta. Esta cultura de rua terá inculcado em Hassan um espírito de abertura e uma atitude populista que abriram caminho a tentações como a de convidar músicos ocidentais para tocarem consigo, como é, aqui, o caso do saxofonista Phil Brown, do baixista Jean Demey e do percussionista Pierre Narcisse, elementos dos Arabesque.
Quanto a Hassan, divide-se pelo “ud”, o violino, a flauta “ney” e a al-ghita (instrumento de sopro de palheta dupla, parente da bombarda e do oboé). Os compassos não são de modo a tropeçar, “Trance beat” é um festim de percussões e o clima geral de extroversão não andará longe das obras mais imediatistas de um Nusrat Fateh Ali Khan (como em “Fin fin”), salvo as devidas distâncias e diferenças. Para quem, porventura, nutre alguma embirração pela matemática intrincada de Rabih Abou-Khalil, Hassan Erraji e os seus Arabesque poderão revelar-se o substituto ideal. (7)