Eat Static – “Implant”

pop rock >> quarta-feira >> 03.08.1994


Eat Static
Implant
Ultimate, distri. Polygram



A questão que se coloca em relação à chamada música “techno” já não é se os artistas estão mais ou menos inspirados mas sim se as máquinas estão melhor ou pior programadas. O factor humano tem tendência para desaparecer, dissolvido na trama da tecnologia. Os Eat Static são mais uma agremiação de techno-andróides que se fecharam no estúdio para elaborar as paisagens computorizadas de mundos virtuais. A capa tem gravuras de extraterrestres, um disco voador e, no interior, (de abrir, como se diria nos anos 70, com os rebuscados grafismos que ocupavam áreas imensas de cartão), uma paisagem de ficção científica na melhor tradição dos Hawkwind ou Roger Dean, nos dias em que o traço lhe descambava para o “kitsch”. “Implant” é uma orgia sequencial de pseudo-emoções artificiais destinadas a sincronizar os cérebros dos disco-zombies com a grande central cósmica dos grandes telepatas. Pelo meio, há uma pausa de “ambient”, para ressacara, antes da batida infernal retomar a sua tarefa de entrega das almas ao deus Pã, aqui disfarçado de astronauta. Mais uma vez os Kraftwerk tiveram razão quando cantavam em “Electric Café”: “Music non-stop – techno pop”. Na discoteca gigante do final do século, a música dura 24 horas por dia. Está previsto parar somente no dia em que o rosto dos humanos se abrir num sorriso de metal. (6)

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