Kraftwerk – “The Mix”

Pop-Rock Quarta-Feira, 24.07.1991


KRAFTWERK
The Mix
LP e MC duplos / CD, EMI, distri. EMI-VC



Ralf Hutter e Florian Schneider inventaram novas formas de sensibilidade. Conseguiram que as máquinas adquirissem um rosto humano e os humanos ganhassem corpos cibernéticos. Os manequins-“robots” da capa de “The Mix” são elucidativos quanto ao que os Kraftwerk consideram a “condição humana”. Considerados como “pais” de grande parte dos movimentos musicais assentes no primado da electrónica (a “electronic body music”, a “techno-pop” ou mesmo a “house” negra), os Kraftwerk são mestres na disseminação de novas pistas estéticas – e, talvez mais importante, éticas – e na utilização da informática ao serviço de uma boa melodia. Da “trip” cósmico-industrial de “Autobahn” à apoteose mediática de “Electric Café”, passando pela viagem fantástica pela Europa de metal de “trans Europe Express”, o infantilismo mutante de “Radio activity” ou o classicismo gelado e elgíaco do novo mundo anunciado em “The Man Machine” e “Computer World”, é todo um percurso de descoberta das fronteiras do humano, na concepção cartesiana de um “Deus ‘ex-machina’”. Em “The Mix” a dupla recolheu alguns dos temas-chave da sua discografia e regravou-os para os devolver na forma de autocitações reactualizadas, segundo o critério de porenciação máxima das qualidades essenciais. O resultado é esmagador.
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