07.05.1997
Paula Cole
This Fire
IMAGO, DISTRI. WARNER MUSIC
proliferam os discos de cantantes femininas nos quais a produção passa para a primeira linha. Mal surge uma voz com atractivos, inventam-se mil e um esquemas de produção que a enfeitem, de maneira a criar a ilusão de originalidade. Quase sempre a música assim formatada não resiste quando se remove esta camada de maquilhagem. Mas que os discos soam bem, lá isso soam. O interessante, no caso de Paula Cole, é que é ela própria que se auto-produz, actuação pouco vulgar, se levarmos em conta que “This Fire” é o seu segundo álbum, sucedendo a “Harbinger”. Paula é uma “hippie” tardia que não esconde as suas tendências místicas e ecológicas. Como tal, a sua música oferece um lado elegantemente tribal que, embora pouco profundo e algo decorativo, tem a vantagem de variar os ambientes e distrair o ouvido. Há em “This Fire” uma costela de Peter Gabriel (vocalista convidado em “hush, hush, hush”), as “ulean pipes” de Seamus Egan caem bem e, no geral, fica um gosto acentuado pelo exotismo. Além de que a menina toca uma quantidade de instrumentos cuja natureza é, no mínimo, pouco vulgar: piano, sintetizador, órgão de foles, caixa de ritmos, xilofone de brinquedo, didjeridu e clarinete. Um disco colorido que deixa um rasto de simpatia. (6)