16.07.1999
Mapa
Fudo (7)
Antena Krzyku Unc., distri. Matéria Prima
“Fudo” é um termo japonês que resume a relação do ser humano com o meio ambiente. Um intervalo que também funciona como metáfora para a distância física que separa os dois músicos do grupo polaco Mapa, Marcin Dymiter (guitarra e baixo, fundador dos Ewa Braun) e Paul Wirkus (samples e bateria). O primeiro vive em Gdansk, o segundo mudou-se para Colónia há nove anos. Um dos temas de “Fudo”, Köln Gdansk Danzig Kolonia”, fala das estradas que ambos têm que percorrer para se encontrarem quando não trocam disquetes por correspondência. Curiosamente, encontraram-se pela primeira vez em Praga e foi aí que a ideia de formarem os Mapa surgiu.
“Fudo” respira “pós-rock” por todos os poros, na sua vertente mais músculo e menos electrónica. Mas Dymiter, embora reconhecendo a importância de grupos como os To Rococo Rot e Tortoise, prefere apontar como influências os Pink Floyd, Miles Davis, Swans, Kraftwerk e Erik Satie. Em “Fudo” imperam os ritmos monocórdicos conotados com o spós-rock da primeira geração (Trans AM), o uso e abuso de “loops” e a predominância do esqueleto rítmico sobre qualquer tipo de ornamentação. Neste particular “Fudo” está bastante próximo dos Neu! Ou do lado mais tribal dos Can do que de qualquer dos nomes citados por Marcin Dymiter ou da abordagem mais jazzística de uma banda polaca importante dos anos 80, os Reportaz. Embora curioso (“Nie musimy tego robic, chyba ze chcesz” poderia ser uma variante de uma “E.F.S.” dos Can) a verdade é que o pós-rock mais evoluído já pouco se relaciona com a versão pré-histórica dos Mapa.