04.02.2000
Marine Research
Sounds From The Gulf Stream (7/10)
K, distri. Megamúsica
Debbie Harry rejuvenesceu e os Blondie regressaram à grande forma que fez deles os representantes da melhor pop-cadillac conduzida põe uma loura platinada no final dos anos 70? Assim parece, a acreditar no que os ouvidos nos dizem ao primeiro contacto com “Sounds From The Gulf Stream”. Mas não, essa pop que nos fazia sonhar com amores no banco de trás do automóvel e imaginar Nova-Iorque como um filme sem fim, chega desta feita a bordo dos Marine Research, derivação dos talulah Gosh e, posteriormente, dos Heavenly, conduzidos pela “voz igual à de Debbie” de Amelia Fletcher. Mas, apesar de tipicamente Blondianos, os Marine Research têm os seus desvios. A alternância entre tons maiores e menores numa mesma canção, a introdução de harmonias vocais, de parceria com a segunda voz feminina, de Cathy Rogers, e de vozes “deslocadas” ou uma tendência engraçada para seguir por uma escala quando tudo empurra para se escorregar por outra, tornam “Sounds from the Gulf Stream” num delicioso objecto pop recheado de surpresas que tanto obrigam a um recuo até à new wave energética dos Oitenta como sugerem uma terna paródia em redor dos lugares comuns dessa época. Teoria que ganha força com o kitsch futurista de chocolate de “Glamour gap”, uma das grandes e viciantes canções de “Sounds from the Gulf Stream”, enquanto “Venn Diagram” poderia passar por um desvio de Virginia Astley, vestida de látex vermelho, a desforrar-se dos anos vividos a suspirar no seu jardim celeste. É só pop, são apenas melodias feitas par durar enquanto dura um sonho, mas a verdade é que quanto mais se ouve o mundo em technicolor dos Marine Research menos sobra espaço para se trautear outra coisa.