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Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #21 – “Querem a crítica dos Resients, já_ + Monolake”

#21 – “Querem a crítica dos Resients, já_ + Monolake”

Fernando Magalhães
01.10.2001 170557

Querem?

Oooohhhhh. Lamento, mas deontologicamente não é correcto. Vão ter que ler o texto amanhã no PÚBLICO: 
hehehe

FM

PS-MONOLAKE, ontem, em Torres Vedras: ao fim de 2h30 de actuação, o Robert Enke continuou a tocar. Não admira que, com tanto terino, faça grandes exibições no Benfica.
Saímos, eu o VJ e o Nephelion.
O Vítor quis comprar um álbum que se encontrava (com rótulo com o preço) no expositor, mas o tipo “in charge”, depois de mirar e remirar o álbum (a obra-prima “Fictitous Sports”, o disco Pop de carla Bley, com a voz de Robert Wyatt e produzido por NICK MASON) não autorizou! LOOOOL. “lamento, mas este não posso vender”, disse, sem adiantar mais explicações!

Quanto aos MONOLAKE, a música soou amiúde a BIOSPHERE. O mesmo tipo de atmosferas rarefeitas, o groove swingante e minimalista, um paisagismo sonoro que pecou por não saber parar na hora certa.

César Laia
01.10.2001 180617
E os Monolake trouxeram o balde de água e tubo para borbulhar? 

2h30???!!! Livra!! Olha se o Manoel de Oliveira sabe!!!…

Realmente a comparação dos Monolake com o Biosphere faz sentido. O problema é que é dificil encontrar uma alma na música dos Monolake…

Fernando Magalhães
01.10.2001 180626

É um bocado isso, é, a “falta de alma”. Sempre achei a música dos MONOLAKE formalmente muito bem feita (cheguei a ter um CD deles, não me lembro do nome, tinha tons de castanho e azul na capa, se bem me lembro…) mas fria e impessoal.
Apesar disso, ao vivo, até nem soou nada mal…O som estava a um nível de volume relativamente baixo o que contribuiu para uma atmosfera de relaxamento e descontracção.

Mas 2h30 (mais, porque ele continuou quando nos fomos embora!…) é excessivo. Acaba por ser cansativo.

FM

Monoton – “Monotonprodukt 07 20y++”

(público >> y >> pop/rock >> crítica de discos)
19 Setembro 2003


MONOTON
Monotonprodukt 07 20y++
Oral, distri. Matéria Prima
8|10



Alerta! “Monotonprodukt 07 20y++” é a reedição, revista e melhorada, de um clássico da eletrónica dos anos 80. Criado em 1985, pelo austríaco Konrad Becker, “Monotonprodukt 07” (assim se intitulava então) é um dos esteios da transição da estética “krautrock” dos anos 70 para a eletrónica industrial dos 80, posteriormente reapropriada pela geração pós-tecno dos 90. A “Wire” integrou este álbum na lista dos 100 “mais importantes e ignorados” do séc. XX. A música é minimalista, apoiada em programações artesanais e caixas de ritmo monolíticas que tanto fazem lembrar os franceses Heldon e Spacecraft como os D.A.F. ou uma aliança sinistra de clones-zombies dos Tangerine Dream com os Suicide. Tal e qual uma sessão de hipnose destinada a enviar-nos para o fundo do poço dos nossos medos, é definido no livrete como uma “experiência física da vibração e do ritmo, construída sobre frequências audíveis ou inaudíveis, e estruturada segundo padrões matemáticos” ou ainda, mais de acordo com o que os sentidos provam e não receiam, “uma massagem de ondas sonoras”. Ideal para lobotomias sem dor.



Microstoria – “Invisible Architecture #3”

(público >> y >> pop/rock >> crítica de discos)
28 Fevereiro 2003


MICROSTORIA
Invisible Architecture #3
Audiosphere, distri. Ananana
6|10



Que fazer em dias de amnésia e nuvens de mercúrio quando o mundo se reduz ao néon sem sombras do escritório onde acabaremos de gastar os nossos dias? Bom, depois de cumprimentarmos cabisbaixos o patrão e fingira que despachamos o serviço que se amontoa em cima da secretária, podemos dedicar o resto do tempo a amassar mais a cabeça e pôr a tocar clandestinamente no PC este novo CD dos Microstoria, para nos convencermos de que a realidade é uma programação aleatória. Para o grupo de Markus Popp e Jan St. Werner, como para os Oval, a computação é como um rio que transborda das margens e inunda o terreno em volta até o transformar num pantanal onde proliferam vírus e outros micro-organismos infecciosos. Contaminação. “Invisible Architecture #3” não se distingue de anteriores trabalhos deste coletivo alemão da mesma maneira que o dia-a-dia não se distingue de uma rotina de computador. “Quit not save” é o título de uma das faixas. Apetece seguir o conselho e desligar em definitivo o circuito, sem o guardar na memória. Mas há quem tenha prazer em se perder e se movimente já no interior destes programas como um morcego apetrechado com um mecanismo de radar. Nesse estado de alteração genética é mesmo possível distinguir nestas arquiteturas de frequências uma espécie de equivalente residual da fauna e da flora tecidos pela dupla italiana Musci/Venosta. Depois de mortos.