David Cunningham – “Water”

Pop Rock >> Quarta-Feira, 22.07.1992


DAVID CUNNINGHAM
Water
CD Made To Measure, distri. Contraverso



O principal problema com que a Made to Measure (MTM) se confronta actualmente é a imagem que, ao longo dos anos, criou de si própria. Se a etiqueta de “músicas de circunstância” é suficientemente vasta para incluir uma variedade de estilos e abordagens musicais que garantam a diversidade, verifica-se por vezes na MTM, sobretudo em algumas das suas produções recentes, a tendência para uma certa lassidão, traduzida em bandas sonoras anódinas, que pouco mais são que uma forma sofisticada de “muzak”. “Water”, colecção de instrumentais do ex-mentor dos Flying Lizards, inclui-se nesta categoria de paisagens ambientais que não apontam para lado nenhum, repetindo até ao infinito as lições há muito enunciadas por Brian Eno. Um piano flutua no vazio. Sombras, ritmos hesitantes, esboços de melodias, um tom geral de aguarela semelhante ao dos discos gravados nesta mesma editora por Peter Principle. Há a curiosidade de Robert Fripp tocar num dos temas, se bem que não se note muito na audição. “Laissez faire, laissez passer” parece ser o lema. Não por acaso, as notas da capa, explicam tudo muito explicadinho, com as habituais teorias sobre “continuidade e espaço acústico”, aconselhando finalmente o ouvinte a um “acto de imaginação”, de modo a ter a oportunidade de “explorar um método de audição que não é baseado na natureza usual da forma clássica iu da arte musical europeia”. Quer dizer: o que o músico não faz tem de fazer o ouvinte. Não deixa de ser agradável, sobretudo para quem tem imaginação. (7)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.