Pop Rock
26 de Abril de 1995
álbuns poprock
The Orb
Orbus Terrarum
ISLAND, DISTRI. POLYGRAM
Montagens. Refracções “dub”, vozes que aterram como “ovnis” em terra de ninguém (dando razão a Laurie Anderson quando diz que a linguagem é um vírus), ritmos de maquinetas a triparem “ecstasy” ou em “overdose” de “drunfos”, temas a rondarem os dez minutos de duração sem que se chegue a perceber para onde vão são a solução de banha da cobra apresentada em embalagem reciclada pelos The Orb. Só que o pessoal parece que atinou e, vista do lado de for a e sem aditivos, a fórmula estafa mais do que hipnotiza e irrita mais do que atrai. Para dançar, é excessivamente longo e arrastado; para alimentar a inteligência, falta-lhe consistência para ser algo mais que um “cocktail” vitamínico de frutas de plástico. Evidentemente, os mistérios das combinações de sons aleatórios são infindáveis – sim, porque, oculto por detrás desta cornucópia de discursos entrecortados, há uma lógica implacável a esticar o dedo, em muda acusação. A combinação dos nove minutos de “White river junction” (Fripp com Eno e os Cluster a ressacarem) com os catorze de “Occidentle” (mais Cluster, grupo germânico dos anos 70, de Moebius e Roedelius, que surpreendentemente surge como pioneiro deste tipo de sons) formam, apesar de tudo, um corpo uniforme, embora à custa de uma certa monotonia, dando a sensação de que, pelo menos, os The Orb andaram a ler os manuais. Para o fim, ainda sobram dezassete minutos de “Slug dub” a mostrar que não é Holger Czukay quem quer. (5)